Política | 05-05-2024 15:00

“É preciso pegar novamente nos cravos, canções e poemas, e gritar pela liberdade”

“É preciso pegar novamente nos cravos, canções e poemas, e gritar pela liberdade”
Miguel Borges (ao centro) com Francelina Chambel e Fernando Moleirinho, os dois presidentes de câmara que o antecederam em democracia. fotoDR

Na sessão solene da Assembleia Municipal do Sardoal, no âmbito das comemorações dos 50 anos da democracia, a mensagem foi de continuar a lutar pelas conquistas do 25 de Abril de 1974.

Na sessão solene da Assembleia Municipal do Sardoal, no âmbito das comemorações dos 50 anos da democracia, a mensagem foi de continuar a lutar pelas conquistas do 25 de Abril de 1974. Saúde, habitação, educação e o papel da mulher na sociedade, além da liberdade, foram os temas mais abordados durante a cerimónia.
O presidente do município, Miguel Borges, recordou com alegria e esperança o dia 25 de Abril de 1974. “Foi um dia tão bonito... Eu andava no terceiro ano e, pela primeira vez, vi o meu avô a ouvir rádio. Disse-me que não ia à escola nesse dia, apesar de estranhar, não me importei muito… O que se seguiu foi memorável e muito bonito”, recordou com um sorriso. O autarca aproveitou para alertar para o perigo de “abrir a porta” ao extremismo e oportunismo. “Não estivemos presentes ao longo destes anos e outros ocuparam o espaço que Abril abriu e isso não podemos permitir”, alertou. O autarca deixou um apelo para uma “sociedade que hoje não tem tempo de ler, de ouvir música, de ver notícias ou de ir ao teatro. É preciso pegar novamente nos cravos, nas canções e nos poemas, gritar pela liberdade e transmitir aos jovens o que foi conquistado na madrugada de 25 de Abril, há 50 anos”, concluiu.
Após a intervenção dos deputados municipais, o vereador Pedro Duque usou da palavra para afirmar que a conquista da liberdade é um processo inacabado e que o país e as instituições têm de ser mais fortes e apelativos, considerando que vivemos numa época onde prevalece o populismo e as notícias manipuladas. “A nova geração é facilmente manipulada e cede ao discurso fácil e populista com o objectivo de dividir o território. Os jovens não reconhecem e não se sentem representados pelas instituições políticas, esta é a geração que tem as melhores condições de vida, melhores condições de acesso a informação e educação e por isso talvez tenham expectativas mais ambiciosas”, disse. Também o presidente da assembleia municipal, Miguel Pita Alves, deixou o desafio de fazer uma reflexão sobre o verdadeiro significado de 25 de Abril e os desafios políticos que os ensinamentos de Abril podem dar para um futuro inclusivo e melhor para todos.

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