Política | 22-07-2024 10:00

Postura arrogante de Jorge Faria divide PS do Entroncamento

Postura arrogante de Jorge Faria divide PS do Entroncamento
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Jorge Faria

A postura autocrática do presidente da Câmara do Entroncamento não tem só gerado antipatia na população do concelho, como também no seio do PS, partido que apostou em Jorge Faria nos últimos 10 anos. Autarca quer que a sua vice-presidente, Ilda Joaquim, lhe suceda na candidatura ao cargo, mas grande maioria dos militantes quer renovação e recuperar os votos perdidos nas últimas autárquicas.

O ambiente político na concelhia do Partido Socialista do Entroncamento está dividido e inquietação é provavelmente a palavra que melhor define o partido que governa o concelho há mais de uma década. O presidente da câmara, Jorge Faria, tem sido acusado de lidar mal com o escrutínio e de querer impor à força Ilda Joaquim, a actual vice-presidente da autarquia, como sua sucessora. O problema é que a grande maioria dos militantes está contra a decisão porque consideram que Ilda Joaquim não tem carisma para ser a presidente de câmara e não vai conseguir recuperar os votos dos eleitores que, recorde-se, deram a vitória ao PS nas últimas autárquicas (2021) por apenas 62 votos de diferença.
As eleições internas no PS do Entroncamento decorreram recentemente e a prova de que Jorge Faria e Ilda Joaquim estão mais isolados do que nunca é o facto de terem sido os únicos a votar em branco na eleição que garantiu a Ricardo Antunes a presidência da concelhia, segundo apurou O MIRANTE junto de fonte próxima da comissão política que contou que, na hora da votação, os dois autarcas fizeram questão de mostrar a sua opção de voto. Aliás, conforme se pode ler numa publicação nas redes sociais do PS do Entroncamento, os dois autarcas ficaram fora da lista que venceu as eleições, onde estão nomes importantes na política do concelho como Mário Balsa, Carlos Amaro, Paula Pinto, Ezequiel Estrada, entre outros. “Houve muita gente que se afastou do partido por causa de Jorge Faria que estão a voltar porque sabem que ele vai sair”, afirma.
Outra fonte local revela ainda que um dos grandes factores que tem causado fricção entre Jorge Faria e os militantes do PS tem sido a falta de sensibilidade do autarca para resolver os problemas principais da população, como a falta de segurança, mas também o facto do presidente assumir cada vez mais uma postura de fuga ao confronto. “Em 2013 fizemos uma campanha de rua incrível, de proximidade com as pessoas. Em 2017 isso quase desapareceu, e na campanha de 2021 quase que andávamos na rua a fugir das pessoas”, afirma, sublinhando que Jorge Faria tem tomado boas decisões, “mas borra a pintura pela forma como o faz”. “O presidente sabe que vai a correr contra uma parede, mas continua a correr mesmo que saiba que se vai magoar”, acrescenta uma das nossas fontes.

Carlos Amaro bateu com a porta
2019 terá sido o ano em que a relação de Jorge Faria com os militantes do PS do Entroncamento começou a azedar. Depois de ter ficado decidido que a vice-presidência da autarquia seria dividida entre Ilda Joaquim e Carlos Amaro, actual presidente da direcção dos Bombeiros do Entroncamento, Jorge Faria terá decidido unilateralmente reverter a decisão e atribuir o cargo em exclusivo à autarca socialista. A medida não caiu bem na comissão política. “Há vários anos que toma posições de força para que Ilda Joaquim seja cabeça de lista à câmara pelo PS. Para Jorge Faria é ele que lidera o partido e está claro para todos os militantes que não é assim”, vinca. Recorde-se que Carlos Amaro renunciou ao cargo de vereador no município há menos de um mês, sendo substituído por Tília Nunes, anterior chefe de gabinete de Jorge Faria, que também já foi vereadora de 2013 a 2021.

Ricardo Antunes

Próximo candidato do PS no Entroncamento tem de ser próximo das pessoas e ter ambição

Ricardo Antunes foi recentemente reeleito presidente da comissão política concelhia do Partido Socialista do Entroncamento e diz que a sua principal missão é garantir que o PS do concelho consegue voltar a ter uma das maiores concelhias do distrito de Santarém. “Os municípios não se ganham, perdem-se. Temos que nos voltar a interessar pelas pessoas. É necessária uma visão mais ambiciosa, renovada e afastada de pequenas cúpulas, que aborde os grandes desafios da cidade e da comunidade, que pense, concilie e concretize o Entroncamento da próxima década”, refere em declarações a O MIRANTE.
Questionado sobre a divisão que existe dentro do partido, e se Jorge Faria tem sido um dos principais responsáveis, Ricardo Antunes não se comprometeu. “Não quero estar a contribuir para criar mais divisões. Estamos a trabalhar para que o próximo candidato ou candidata consiga reunir uma equipa para vencer as eleições autárquicas de 2025. O nosso candidato tem de garantir a proximidade aos eleitores e saber lidar com o escrutínio. Não se pode fechar numa bolha”, conclui. Ricardo Antunes tem 39 anos, é formado em Engenharia do Ambiente pela Universidade de Coimbra, e já desempenhou funções de Chefe de Gabinete do presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, no mandato anterior. Para o responsável é importante levar para o partido “novos quadros de diversas áreas profissionais e da comunidade”.

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