Actor João de Carvalho avalia candidatura independente à Câmara de Vila Franca de Xira
João de Carvalho nunca escondeu o desejo de ser presidente do município de Vila Franca de Xira e diz estar a procurar um conjunto de “boas pessoas” para tornar a ambição de uma terceira candidatura uma realidade. Actor está recuperado de um esgotamento nervoso que o afastou da vida pública durante mais de um ano.
O actor João de Carvalho está a preparar uma terceira candidatura à presidência da Câmara de Vila Franca de Xira nas autárquicas do próximo ano, desta vez de forma independente e sem o apoio de partidos, confessou a O MIRANTE na última semana à margem de um ensaio de um novo grupo de teatro da cidade. “Se concorrer não vou por partido nenhum. Isso é certo. Vou a nível individual e arrisco-me a isso”, confirma, depois de nas duas primeiras corridas eleitorais, em 2009 e 2013, ter tido o apoio da coligação liderada pelo PSD, tendo sido até com a sua candidatura que o partido teve, pela primeira vez, três vereadores no executivo.
João de Carvalho diz dar-se “muito bem” com David Pato Ferreira, o actual rosto principal da coligação liderada pelo PSD, mas quer ser senhor das suas opiniões e das decisões que toma, “certas ou erradas”. Por isso, diz, está agora a tentar “juntar boas pessoas em torno desta ideia” e garante que não se retirou da vida política e que a tem acompanhado dos bastidores. “O João de Carvalho não está afastado da política e irá à luta por si. Não descarto essa candidatura independente para o ano”, garante. O ex-vereador defende que o concelho precisa de um novo fôlego e os autarcas devem melhorar a qualidade de vida de quem reside no território.
Recorde-se que, na corrida eleitoral de 2009, pela coligação encabeçada pelo PSD, o actor conseguiu ser o terceiro candidato mais votado com 23,35% dos votos, por pouco não superando os 23,88% da coligação CDU e elegendo três vereadores, obrigando o executivo liderado pela socialista Maria da Luz Rosinha a partilhar pelouros com o PSD para poder gerir a câmara. O acordo ruiu quando, em 2012, declarações polémicas do vereador do PSD Rui Rei em entrevista a O MIRANTE irritaram Maria da Luz Rosinha, levando esta a retirar-lhe os pelouros. Pouco depois, João de Carvalho pediu a suspensão do mandato devido aos ensaios de uma peça de teatro. Depois da polémica, nas eleições do ano seguinte, em 2013, João de Carvalho e a coligação PSD/PPM/MPT sentiram a resposta do eleitorado, obtendo 13,62% dos votos e o partido perdeu o terceiro vereador.
“Não conseguimos chegar a toda a parte”
O recente ensaio de uma peça de um novo grupo de teatro em Alverca (ver texto nesta edição) marcou também o regresso de João de Carvalho à vida pública, depois de um ano e vários meses afastado, a recuperar de um esgotamento nervoso. A O MIRANTE, o actor falou das duas semanas em que esteve internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e dos muitos meses em que se afastou totalmente de compromissos, depois de ter bloqueado em palco durante uma peça. “Tive burnout (esgotamento), cansaço total, rebentei. Eram três peças e uma novela ao mesmo tempo. Lutava com problemas pessoais e não saber dizer que não e aceitar tudo, a pensar que conseguia, acabou por ter este desfecho. Não conseguimos chegar a toda a parte”, desabafa.
O actor, filho do histórico actor Ruy de Carvalho, confessa ter ficado muito assustado com o que lhe estava a acontecer e foi em Novembro de 2022, em palco, que o corpo decidiu parar. “Quando tu rebentas não te apercebes, os outros é que se apercebem que não estás bem, não estás dentro de ti, estás a fazer variações em Dó menor. Fui andando ao máximo até ao dia em que parei em cima do palco. Fiquei como se tivesse uma cortina preta à minha frente. Não via texto, público, nada”, recorda. João de Carvalho diz que só o tempo e a calma o ajudaram a ultrapassar o cansaço extremo. “Tenho vindo a fazer testes para ver como está a funcionar a minha cabeça, para recuperar a memória, arrumar as prateleiras na minha cabeça. Tive de acalmar e parar”, afirma.
Questionado por O MIRANTE, o actor de Alverca diz que quando alguém sente que são mais as solicitações que as horas que o dia tem é hora de dizer não e cuidar do corpo e da mente. “A vida é para ser vivida na sua plenitude e temos de aprender a dizer não a algumas coisas. É essencial. Se não sabemos dizer que não a algumas coisas somos absorvidos pela quantidade de solicitações que nos aparecem no dia a dia e depois perdemos a noção de até que ponto estamos envolvidos e até quando”, avisa.