Política | 17-08-2024 21:00

Concurso de atribuição de habitações gera controvérsia no executivo do Entroncamento

Concurso de atribuição de habitações gera controvérsia no executivo do Entroncamento
Entrega de habitações no Entroncamento foi presenciada pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz

A atribuição de uma casa pela Câmara do Entroncamento a um antigo funcionário do município, militante do PS, foi questionada pela oposição à maioria socialista. Os critérios de entrega de habitações municipais foram considerados pouco claros.

O concurso para atribuição de vinte habitações municipais a custos acessíveis no Entroncamento levantou várias dúvidas no executivo camarário, na sua última reunião. A situação mais apontada pelos vereadores da oposição prendeu-se com o facto de um habitante do concelho, reformado, antigo funcionário público e militante do Partido Socialista, ter tido uma habitação atribuída, quando o concurso seria destinado a famílias jovens do concelho.
O vereador do PSD Rui Madeira recorda que o antigo funcionário municipal e militante socialista foi um dos presentes em todas as reuniões que abordaram a proposta da construção de cem habitações pelo município, tendo-se mostrado, várias vezes contra o chumbo da medida pela oposição. “Manifestou, várias vezes, o seu desagrado de forma verbal, contudo, de forma ilegal fora do período de intervenção do público, e nunca foi repreendido pelo presidente do executivo” atirou.
Rui Madeira levantou ainda dúvidas sobre os critérios de atribuição das habitações, uma vez que lhe foram transmitidos casos de munícipes que concorreram com número atribuído e na lista final de sorteio o seu número não constava. Segundo o vereador, alguns dos queixosos pediram esclarecimentos à câmara municipal, mas nunca receberam qualquer resposta. “Não concordando com o método de atribuição e critério de acesso ao concurso, valorizamos ainda assim a recuperação de um património histórico da cidade. Mas, infelizmente, não percebemos o critério de atribuição dos imóveis e qual a razão dos cidadãos do Entroncamento, devidamente habilitados e registados na plataforma, não terem sido seleccionados e nem terem aparecido na listagem final, sem qualquer justificação”, disse.

Presidente fala em insinuações maldosas
Em resposta, o presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria (PS), considera “condenáveis as alegações do vereador que em vez de se mostrar contente por reabilitar o património do concelho, que agora é colocado ao serviço das pessoas, prefere ter intervenções de natureza baixa que dispensa comentar”. Jorge Faria explicou que o processo de atribuição é público e da responsabilidade do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana) e acrescentou não ter conhecimento de nenhuma queixa apresentada, relativamente ao concurso, na autarquia. “Os vereadores sociais-democratas estão sempre prontos para dizer mal de tudo e todos”, declarou.
Luís Forinho, eleito pelo Chega, diz ter muitas dúvidas sobre um concurso que “devia apoiar os jovens no início de vida, com a facilidade das rendas acessíveis”. O vereador diz-se muito admirado por ver casas entregues a pessoas reformadas em vez de jovens. Luís Forinho destaca também a situação já frisada por Rui Madeira. “Um reformado de profissão e acérrimo defensor do socialismo, que era proprietário de um imóvel e que o passou para nome de outro familiar para concorrer. Mas a culpa não é dele, mas sim da gestão que o presidente Jorge Faria tem dado a este concelho há mais de uma década e que demonstra a injustiça e instabilidade que aqui se vive”, atirou.
Jorge Faria acusou o vereador do Chega de levantar insinuações maldosas e falsas. “Está redondamente enganado e sempre pautamos a nossa actividade por seriedade, rigor e trabalho em prol das pessoas. Ter recuperado este bairro ferroviário é algo que o senhor não teria sequer capacidade de fazer ou pensar”, afirmou, acrescentando que Luís Forinho deveria consultar as regras e condições do processo de atribuição para verificar algum erro e, caso não existisse, deveria pedir desculpa a todo o executivo na próxima reunião camarária.

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