Autarca de Rio Maior critica anteriores governos pelo menosprezo a que votaram a agricultura
O presidente da Câmara de Rio Maior lançou fortes críticas a anteriores governos pela forma como foi tratada a agricultura nacional nos últimos anos. Na inauguração de mais uma edição da FRIMOR, Filipe Santana Dias disse que foram causados danos profundos ao sector, afastando os jovens dessa actividade.
Nos últimos sete anos o número de ceboleiros presentes na FRIMOR – Feira Nacional da Cebola, em Rio Maior, diminuiu para metade, passando de trinta para dezena e meia. Um facto usado pelo presidente do município, Filipe Santana Dias (PSD), para ilustrar o “menosprezo” a que a agricultura foi votada pelos anteriores governos, durante a inauguração de mais uma edição da FRIMOR, na tarde de 29 de Agosto.
A intervenção do autarca de Rio Maior não poupou os anteriores governos socialistas e a ex-ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que foi sua colega autarca durante alguns tempos enquanto presidente da Câmara de Abrantes. Filipe Santana Dias apontou que nos últimos anos da nossa história colectiva os agricultores e a agricultura foram menosprezados, deixando críticas a quem governou a partir do Terreiro do Paço, no remanso dos gabinetes com ar condicionado, pela “indiferença” a que votou o sector agrícola, causando-lhe “danos profundos e afastando os jovens dessa actividade”.
Num discurso presenciado por dezenas de convidados, entre eles o secretário de Estado adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, o presidente da Câmara de Rio Maior pediu ao governante do seu partido que transmita aos responsáveis políticos do Ministério da Agricultura as suas preocupações relativamente a “um sector que durante demasiado tempo não foi respeitado”.
A intervenção de Santana Dias foi classificada como “brilhante” pelo secretário de Estado, que concordou que “esquecer a agricultura é um erro crasso e de facto foi isso que foi feito”, sublinhando que o desenvolvimento integrado e harmonioso do país exige um sector primário pujante. Carlos Abreu Amorim deixou também o apelo aos jovens portugueses que apostem na agricultura, destacando a elevada taxa de desemprego na faixa etária mais jovem, na ordem dos 26%, que considera “obscena e desproporcional” face ao todo do país, que anda nos 6%. “Temos que segurar os nossos jovens e segurá-los nas suas terras”, declarou o governante. Carlos Abreu Amorim afirmou ainda que o Governo “saberá estar à altura das suas responsabilidades” e garantiu não ter dúvidas de que a agricultura estará entre as prioridades da acção governativa.
Antes, já a presidente da Assembleia Municipal de Rio Maior e deputada do PSD, Isaura Morais, havia focado a importância do sector primário para a economia local e do país, destacando, tal como fez depois o presidente do município, a longevidade da Feira da Cebola, com mais de três séculos e que se foi sendo adaptada ao espírito dos tempos. Hoje, a FRIMOR, para além dos vendedores de cebola e de outros produtos hortícolas e frutícolas, é uma montra das actividades sócio-económicas de Rio Maior e um espaço de convívio e diversão.
Na inauguração do certame usou também da palavra, como vem sendo hábito, o presidente do município vizinho de Caldas da Rainha, Vítor Marques, que aproveitou para dizer que este território precisa de um olhar mais atento dos nossos governantes e de mais apoio do Estado central.
Alvorninha dá a cebola e Rio Maior faz a festa
Os produtores de cebola continuam a vir todos da freguesia vizinha de Alvorninha, já no concelho de Caldas da Rainha, como é o caso de Ramiro Marques. Aos 90 anos, já perdeu a conta às feiras em que participou, referindo que participa na feira de Rio Maior desde a sua juventude, ainda em solteiro, e já é bisavô. Trabalhou sempre na agricultura, produz vinho, azeite, batata, cebola, fruta e outros artigos e diz que sempre deu para viver com saúde. A actividade agrícola vai dando para viver mas são cada vez menos os que a ela se dedicam, referiram alguns dos produtores presentes na FRIMOR que ali transacionaram os seus produtos. O quilo da cebola estava a 1,5 euros.