PS rompe acordo na Câmara de Benavente e deixa CDU a governar sozinha
O vereador do PS, que funcionava como muleta da maioria relativa da CDU no executivo municipal de Benavente, renunciou aos pelouros. Os socialistas deixaram cair o acordo que tinham com os comunistas a um ano das eleições autárquicas e, na prática, a oposição fica em maioria no executivo.
O presidente da Câmara Municipal de Benavente, Carlos Coutinho (CDU), procedeu, esta semana, à redistribuição de funções no executivo após a renúncia aos pelouros do vereador socialista Joseph Azevedo, que representou o fim do acordo de governação entre a maioria relativa CDU e o PS. A partir de agora, a CDU está a governar sozinha e sem número suficiente de eleitos no executivo (3 CDU contra 4 da oposição) para garantir a aprovação das suas propostas.
Diz-se que Pedro Gameiro, presidente do PS de Benavente, colocou em cima da mesa a hipótese de retirar a confiança política ao vereador socialista, caso este não renunciasse aos pelouros. Para já, Carlos Coutinho ficou sem a muleta que lhe valia a aprovação de pontos estratégicos e terá dificuldades adicionais para fazer passar orçamentos e outros projectos na autarquia. Com a nova realidade, Carlos Coutinho chamou a si os pelouros dos espaços verdes e do canil municipal, atribuindo os restantes pelouros de Joseph Azevedo aos restantes eleitos da CDU, Catarina Vale e Hélio Justino.
Catarina Vale passa agora a assumir também os pelouros da mobilidade, juventude, tempos livres e relações internacionais. Já Hélio Justino acumula as áreas da cultura e património histórico. Com esta reorganização, os três eleitos da CDU ficam responsáveis pela totalidade dos pelouros no executivo camarário. A Câmara de Benavente tem três autarcas eleitos pela CDU (PCP/PEV), dois do PSD, um do PS e uma vereadora independente eleita pelo Chega que se demarcou do partido.
PS critica “morosidade e inércia”
Em declarações a O MIRANTE, Joseph Azevedo disse continuar a representar o Partido Socialista, naquilo que considera ser “um compromisso”. Deixa os pelouros com o sentimento de missão cumprida. A renúncia dos pelouros, como fez questão de esclarecer, deve-se exclusivamente “à morosidade e inércia” dos eleitos da CDU no desenvolvimento de um conjunto de projectos, segundo análise do PS. “Entendemos que não havia condições para continuar com este acordo”, acrescentou. Questionado sobre se o seu trabalho morreu na praia ou se sente mágoa na hora de deixar os pelouros que tinha assumido, o vereador do PS assume que sente “alguma mágoa porque gostaria de dar continuidade ao trabalho, de tentar melhorar as coisas, desenvolver ainda mais as actividades inerentes aos pelouros que tinha”.
A renúncia de Joseph Azevedo (PS) foi formalizada no dia 3 de Outubro, seis dias após o chumbo da 4.ª Revisão Orçamental em assembleia municipal, um documento considerado fundamental pela gestão CDU para a concretização de uma série de investimentos e em que o PS se absteve, impedindo com isso a sua viabilização. Já está agendada uma assembleia municipal extraordinária para 25 de Outubro, onde vai ser reapreciada essa revisão orçamental.
CDU fala em sabotagem da oposição
A decisão da oposição foi vista pela CDU como uma tentativa de “sabotar a gestão” e impedir a concretização de projectos de reconhecida importância para o concelho. A rejeição da revisão orçamental poderá comprometer um investimento de 15 milhões de euros, proveniente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que seria aplicado no âmbito da Estratégia Local de Habitação. A coligação liderada pelo PCP espera que os eleitos revejam “a importância dos projectos em causa e votem em conformidade com os interesses do concelho”.