Silvino Lúcio abre guerra verbal a Inês Louro que responde abandonando a reunião
Inês Louro retirou-se da sala de reuniões depois de o presidente do município lhe ter dito que naquele dia estava com “uma excitação terrível”.
O autarca socialista já tinha dito que a vereadora era “boa de língua” e que “ganhava a vida com a boca”, negando posteriormente ter más intenções nas palavras usadas publicamente.
A vereadora do Chega na Câmara de Azambuja, Inês Louro, abandonou a última reunião pública do executivo municipal, no dia 8 de Outubro, sob protesto depois de o presidente daquela autarquia ter usado, uma vez mais, expressões que considera ofensivas e de cariz sexual para se referir à sua pessoa. “O senhor presidente voltou a utilizar expressões associadas e conectadas como sendo de cariz social dizendo que estou muito excitada. Entendo, com este tipo de linguagem, não haver condições para continuar nesta reunião”, afirmou a vereadora que já foi presidente da Junta de Azambuja eleita pelo Partido Socialista, que governa aquele município.
A decisão de abandonar a reunião surgiu na sequência de o presidente do município, Silvino Lúcio (PS), ter dito à vereadora para não se excitar, na altura em que esta intervinha no ponto da ordem de trabalhos sobre a celebração de acordo de confissão de dívida e plano de pagamentos referente a rendas de habitação social. “Vá ao dicionário ver o que quer dizer [a palavra excitar]. Não me repugna nada o que disse. Ainda há pouco a senhora esteve a bater com a mão na bancada e nem lhe chamei a atenção. A senhora estava com uma excitação terrível”, prosseguiu o autarca após Inês Louro ter pedido a palavra para apresentar um requerimento.
Na sua página numa rede social, Inês Louro fez uma publicação onde partilha o vídeo da sessão camarária e afirma que merece “respeito” por ser uma cidadã e por “estar no desempenho de funções que [lhe] foram confiadas pelo voto democrático. Este senhor presidente não tem educação, não respeita nada, nem ninguém”, rematou na mesma publicação.
Esta não é a primeira vez que a vereadora do Chega acusa o presidente do município de utilizar linguagem ofensiva e de cariz sexual quando não tem argumentos para lhe responder a questões que coloca. O primeiro episódio remonta a Agosto de 2023 com o autarca a tecer o seguinte comentário: “a senhora é boa de língua. Ganha a vida com a boca”. Expressão que o socialista voltou a utilizar na reunião pública extraordinária de 5 de Março, com Inês Louro a exigir que ficasse registado em acta. Dias mais tarde, a 12 de Março, durante a discussão de uma proposta, também numa reunião pública com transmissão pela Internet, Silvino Lúcio disse que a vereadora do Chega estava “muito excitada”.
Contactado na altura por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Azambuja disse que não fez “nenhum comentário ofensivo” à vereadora do Chega, já que “a senhora na sua actividade profissional é advogada e, como tal, através dessa profissão, ganha a vida com a boca”. Sublinhou ainda que pediu desculpa pelas expressões e rematou dizendo que a língua portuguesa pode ser “muito traiçoeira”. Já Inês Louro considerou que o autarca a quis humilhar na sua condição de mulher, mãe, filha, de advogada e vereadora.