Política | 10-11-2024 21:00

Estado do centro histórico de Santarém deu discussão acesa na reunião de câmara

Estado do centro histórico de Santarém deu discussão acesa na reunião de câmara
Manuela Estêvão (à esquerda na imagem) criticou o estado em que se encontra o centro histórico de Santarém

Nova vereadora do Chega em Santarém entrou ao ataque na sua estreia no executivo municipal e deu particular destaque ao estado do centro histórico da cidade, dizendo que está moribundo e à beira do colapso. Presidente da autarquia rebateu essa visão “catastrófica”.

A farmacêutica Manuela Estêvão assumiu o lugar de vereadora do Chega na Câmara de Santarém, depois da renúncia ao mandato do seu colega de partido Pedro Frazão, e entrou ao ataque na sua primeira aparição numa reunião do executivo, no dia 28 de Outubro. A nova autarca não esteve com paninhos quentes e criticou a governação da Câmara de Santarém, actualmente partilhada por PSD e PS, sendo particularmente incisiva no que toca ao estado do centro histórico da cidade, onde gere uma farmácia há muitos anos.
Entre as críticas apontadas ao executivo, a autarca mencionou o “abandono do centro histórico”, defendendo a necessidade “de fixar pessoas no território” através da criação de postos de trabalho. Manuela Estêvão disse que “o centro histórico está à beira do colapso” e que necessita de medidas assertivas e urgentes. Relevou a título de exemplo o “estado deplorável” da fachada do Teatro Sá da Bandeira, com fissuras e candeeiros partidos. Prestando uma “singela homenagem aos comerciantes do centro histórico cada vez mais desertificado pela falta de estratégia de sucessivos executivos”, a autarca afirmou que “o centro histórico está moribundo” e que “se desaparecerem meia dúzia de lojas âncora ficará à mercê dos pombos e dos ratos”.
Defendeu a elaboração de um gabinete técnico local para ajudar à regeneração urbana da zona antiga e de um plano estratégico para a cidade, garantindo que irá ser “a voz dos descontentes com a falta de rumo” no concelho de Santarém. “Santarém precisa de um plano estratégico integrado a médio e longo prazo, que nos perspective a 15 ou 20 anos”, enfatizou, pedindo também que se olhe para os exemplos de outras cidades, como Guimarães, no que toca à revitalização do centro histórico.

Algum desconhecimento e visão catastrofista
O presidente da Câmara de Santarém, João Leite (PSD), respondeu dizendo que Manuela Estêvão demonstrou “algum desconhecimento” da realidade, dizendo que já existe um gabinete de apoio ao centro histórico e explicando que algumas das exigências no âmbito do restauro ou manutenção de edifícios é da responsabilidade de organismos estatais da área do património. Enumerou o investimento de milhões na requalificação do espaço público no centro histórico e referiu que “é um erro e não corresponde à verdade dizer-se que a Câmara de Santarém não tem feito nada”.
Rebatendo essa “análise catastrófica” da vereadora da oposição, João Leite apontou os mais de 200 milhões de investimento privado em curso no concelho, o aumento das exportações das empresas de Santarém ou o aumento de dormidas turísticas como “dados objectivos” da “dinâmica no concelho de que nos devemos orgulhar”. O vereador Nuno Domingos (PS), que tem o pelouro do centro histórico, subscreveu a intervenção do presidente mas reconheceu a necessidade de intervir na fachada do Teatro Sá da Bandeira, estando as obras previstas para o próximo ano.
Manuela Estêvão ainda voltou à carga para se regozijar com o investimento privado no concelho, afirmando que não é um ‘velho do Restelo’, não é distraída nem ignorante, nem tem uma visão catastrófica. E enfatizou: “o estado do centro histórico é deprimente e o centro histórico vai morrer. Assumo isso aqui e lamento”, declarou, deixando um convite a todo o executivo para realizar uma visita ao centro histórico, que “está em fase de colapso”.

Pedro Frazão também foi alvo de críticas

Já em declarações à agência Lusa, Manuela Estêvão - que durante 40 anos foi militante do PSD (partido pelo qual foi eleita vereadora no Cartaxo e deputada municipal) - criticou também o trabalho realizado pelo antigo vereador do Chega por não ter apostado numa política de proximidade. “Somos pessoas completamente diferentes. Uma das críticas que lhe aponto é o facto de não ter ido a nenhuma das 18 freguesias e foi uma pena, porque se perderam três anos de ligação às pessoas, e o poder local é importante. Temos um ano para reverter esta situação”, afirmou, referindo-se às eleições autárquicas de 2025.

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