Autarca de Alhandra escreve ao director nacional da PSP a criticar fim do policiamento
O presidente da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz juntou a sua voz aos protestos que se têm ouvido pela recente decisão do comando da PSP de Alverca de retirar três agentes do patrulhamento de proximidade. Mário Cantiga escreveu uma carta em tom crítico ao director nacional da Polícia, dizendo que a medida contribuiu para o descrédito daquela força policial.
A recente decisão de retirar três agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) do policiamento de proximidade em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, gerou na comunidade “um sentimento geral de medo” de sair à rua no período nocturno, numa vila onde a intervenção da PSP na sensibilização e fiscalização do estacionamento abusivo “é inexistente”. As considerações são do presidente da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, que escreveu recentemente uma carta ao director nacional da PSP, superintendente Luís Ribeiro Carrilho, dando nota do desagrado da comunidade.
“A autarquia a que presido só pode concluir que as instituições do Estado só funcionam para proteger pessoas e bens das classes sociais mais abastadas e que a decisão da PSP retirou os poucos efectivos que se viam nas ruas de Alhandra e assim contribuiu para o total descrédito da PSP”, critica o autarca, na carta a que O MIRANTE teve acesso.
Na carta a Luís Carrilho, o presidente da junta vai mais longe considerando que a decisão da PSP é lamentável e “um acto de profunda e inexplicável discriminação”, lamentando que tenha sido pouco reflectida e servindo apenas para dar resposta à necessidade de reforçar o patrulhamento na urbanização da Malvarosa em Alverca (ver texto na página 5).
“Apelo ao seu bom senso e solicito a reversão da deliberação bem como o reforço do policiamento na vila de Alhandra, pela reposição dos agentes que fazem do dia-a-dia dos nossos idosos um dia mais feliz e seguro”, escreve o autarca, lembrando que em 2014 o mesmo modelo integrado de policiamento de proximidade da PSP que agora deixou de ser feito na vila recebeu o galardão de mérito da freguesia.
Tal como O MIRANTE já tinha noticiado, os três agentes da PSP que estavam afectos ao policiamento de proximidade em Alhandra e no Sobralinho, concelho de Vila Franca de Xira, deixaram de prestar esse serviço desde o início de Dezembro, situação que tem motivado queixas. O policiamento de proximidade visa aumentar e melhorar a relação da PSP com a comunidade, permitindo uma maior prevenção da criminalidade. Esse serviço inclui, entre outros, apoio a idosos, apoio à vítima, Escola Segura e comércio seguro, bem como uma maior atenção aos casos de violência doméstica.
Além de Mário Cantiga também Cláudio Lotra, presidente da vizinha União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, dizia não ficar agradado com a medida. “Não sendo a situação ideal, que era ter estas equipas em permanência no nosso território, compreendemos a necessidade da PSP rentabilizar recursos. Mas se estivessem em permanência estaríamos bem mais descansados”, lamentou.
A PSP optou por não responder a O MIRANTE sobre este assunto mas o nosso jornal sabe que no último Conselho Municipal de Segurança, realizado à porta fechada, o comandante da PSP de Alverca, Manuel Rodrigues, foi confrontado com as queixas dos autarcas e que terá justificado a medida com o facto de se tratar de uma equipa móvel que vai sendo destacada para onde for mais necessária, tendo já solicitado um levantamento em todas as esquadras do trabalho do policiamento de proximidade realizado no último mês.