Política | 12-01-2025 12:00

Assembleia Municipal de Tomar apela ao Parlamento para viabilizar desagregação de freguesias

Assembleia Municipal de Tomar apela ao Parlamento para viabilizar desagregação de freguesias
Membros da Assembleia Municipal de Tomar realçam que a opinião da população deve sobrepor-se a questões burocráticas

Foi por unanimidade que a Assembleia Municipal de Tomar decidiu interceder junto da Assembleia da República no sentido de que esta aprove a desagregação da União de Freguesias de Serra e Junceira, chumbada em comissão parlamentar por não cumprir todos os requisitos.

A Assembleia Municipal de Tomar aprovou por unanimidade interceder junto da Assembleia da República (AR) para que “respeite a população” de Serra e Junceira, aprovando a desagregação dessas duas freguesias. “Nós sempre dissemos que a vontade das populações devia ser soberana e a vontade das populações, quer através da recolha de assinaturas quer através dos seus órgãos autárquicos, votaram pela desagregação”, disse à Lusa o deputado municipal da CDU, Bruno Graça, força política que apresentou a proposta à Assembleia Municipal de Tomar e que foi aprovada por unanimidade a 27 de Dezembro.
A medida surge depois de o grupo de trabalho parlamentar dedicado à reversão da reforma administrativa implementada em 2013 ter validado 124 propostas de desagregação de uniões de freguesia, tendo Serra e Junceira ficado de fora, assim como algumas outras do distrito de Santarém e de outros pontos do país.
Embora a votação não seja ainda a final, a comissão do Poder Local e Coesão Territorial ratificou as votações indiciárias tomadas pelo grupo de trabalho que analisou 188 pedidos de desagregação de freguesias unidas em 2013, não tendo a desagregação de Serra e Junceira sido aprovada. A votação final em plenário da Assembleia da República está agendada para 17 de Janeiro.
O eleito da CDU disse à Lusa que a proposta apresentada à Assembleia Municipal de Tomar foi “no sentido de valorizar a posição da população em detrimento de alguma incorrecção de ordem administrativa [processual]. Para nós, a opinião da população deve sobrepor-se a questões meramente administrativas ou burocráticas ou de alguma passividade no processo”, declarou.
Na proposta aprovada pela assembleia municipal pode ler-se que “as populações da Serra e Junceira sempre demonstraram o seu desejo de reverter a fusão e recuperar as suas freguesias”, cuja “vontade foi claramente expressa e consolidada nas decisões unânimes tomadas na Assembleia de Freguesia da União de Freguesias da Serra e Junceira e na Assembleia Municipal de Tomar” com o apoio unânime de todas as forças políticas que integram estes órgãos autárquicos.
O documento aprovado, que será entregue aos partidos com assento parlamentar, indica que “o Grupo de Trabalho das Freguesias da Assembleia da República não aprovou a proposta de desagregação (…) por motivo de ‘ausência de resposta ao pedido de aperfeiçoamento (solicitação no âmbito do critério financeiro)’, o que ‘não possibilita esclarecer acerca da viabilidade económica–financeira prospectiva, das freguesias a criar’, cita.

Proposta já contém todos os elementos necessários
Contudo, segundo defende a assembleia municipal, “verifica-se que foi enviada uma resposta ao pedido de aperfeiçoamento feito pelo Grupo de Trabalho das Freguesias da Assembleia da República” e que, nesse sentido, “não houve ausência de resposta, como é indicado no parecer do referido Grupo de Trabalho, houve, sim, uma resposta incompleta”. No documento, pode ler-se que, “após plena clarificação da documentação em falta, esta veio a ser entregue a 16 de Dezembro de 2024” e que, nesse sentido, “a proposta de desanexação das Freguesias da Serra e Junceira cumpre, no momento presente, todos os documentos solicitados”. Bruno Graça espera que o esclarecimento e a posição unânime da Assembleia Municipal de Tomar permita o “reanalisar da proposta”, uma vez que “já contém todos os elementos necessários” à viabilização.
Quanto às propostas validadas e já ratificadas pela Comissão do Poder Local e Coesão Territorial, num processo viabilizado pela Lei N.º 39/2021 de 24 de Junho, o mesmo grupo de trabalho aprovou 124 pedidos, o que pode devolver mais de 270 freguesias à situação de autonomia de que beneficiavam antes da reforma de 2013. O mapa administrativo com as freguesias desagregadas tem de estar concluído até seis meses antes das eleições autárquicas, previstas para Setembro ou Outubro de 2025.

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