Francisco Madelino faz trabalho politico de oposição ao presidente Hélder Esménio
Francisco Madelino vai ser o cabeça de lista do PS nas próximas eleições em Salvaterra de Magos e já começou a fazer campanha eleitoral, ainda que pondo em causa o trabalho do actual executivo que é do mesmo partido ( PS). A forma como Madelino tomou conta da última reunião da assembleia municipal não deixa margem para dúvidas. Helder Esménio ouviu, respondeu e foi condescendente com Madelino.
O presidente da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, Francisco Madelino (PS), monopolizou o debate na última reunião, substituindo-se a uma oposição política que ao longo do mandato nunca apareceu a fazer perguntas e a pôr em causa a competência do executivo liderado por Hélder Esménio
Depois de um início de assembleia pacífico, onde foram tratados vários assuntos que têm sido notícia em O MIRANTE. Francisco Madelino perguntou aos autarcas se alguém queria falar dos documentos em análise relativos à actividade autárquica do último semestre: Como toda a plateia ficou calada, Madelino informou que ia fazer uma breve consideração ao que tinha ouvido, e três ou quatro perguntas. Acabou a fazer sete e todas elas questionaram o presidente sobre questões de pouca importância mas que, aparentemente, serviram para chatear, embora Hélder Esménio tenha respondido sem engulhos e aparentemente calmo.
Madelino quis saber porque é que a execução orçamental neste primeiro semestre está ligeiramente abaixo do semestre de 2023, baixando para 38.25% quando estava em 33.5%; quis saber de onde é que vieram 1.675 milhões de euros que aparecem a mais nas receitas correntes da autarquia comparando as contas com o exercício de 2023; perguntou que razões estão na origem da descida, no semestre, do fundo de compensação municipal; a meio das perguntas sempre acompanhadas de algumas considerações e explicações, quis saber as razões para a subida em 134 mil euros nos trabalhos especializados, e que trabalhos especializados, assim como perguntou, fazendo comparações, porque é que a câmara tinha aumentado o quadro de pessoal em 10%. Na sexta pergunta da noite Francisco Madelino valeu-se do relatório do Revisor Oficial de Contas para perguntar as razões que levaram a autarquia a não movimentar a conta 74, que corresponde aos trabalhos feitos pela entidade e para a própria entidade. Por último foi ao relatório, à página 14, e deu a entender que ficou muito admirado por a autarquia ter aumentado os prazos de pagamento de 13 para 36 dias, não sem deixar de acentuar a excelente situação financeira da câmara e um fundo de maneio de cerca de 5 milhões de euros que ele não elogiou mas parecia querer elogiar. No final destas perguntas Francisco Madelino fez questão de dar a perceber que sabia que as respostas podiam não ser dadas na reunião mas que esperava ser esclarecido mais tarde.
Como toda a plateia ficou calada, Madelino informou que ia fazer uma breve consideração ao que tinha ouvido, e três ou quatro perguntas. Acabou a fazer sete e todas elas questionaram o presidente
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Hélder Esménio foi curto e grosso nas respostas ao seu camarada e não gastou muito tempo com explicações.
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Depois de abrir caminho para mais umas perguntas ao presidente apontou-lhe o dedo dizendo que não basta apresentar documentos de trabalho
Mas Francisco Madelino não se ficou pelas sete perguntas ao executivo. Mais à frente, aproveitando a discussão de outro documento, Francisco Madelino fez um largo elogio ao executivo dizendo que “a autarquia continua a apresentar um quadro financeiro sustentável, dívida baixa, candidaturas pensadas e elaboradas ou em elaboração, de impacto em regra bastante positivo”. Depois de abrir caminho para mais umas perguntas ao presidente apontou-lhe o dedo dizendo que não basta apresentar documentos de trabalho concretos bem escritos, é importante ter em conta a sua elaboração: “conheço o pensamento do senhor presidente eu sei qual a sua estratégia, mas é também preciso traduzi-la em papel e pensá-la melhor”.
“Não percebi bem o que são estes valores não definidos nas grandes opções do plano de 800 mil na habitação, 1,2 milhões nos resíduos sólidos e 240 mil euros no turismo (...) quero pedir ao presidente se puder esclarecer” foi assim que Madelino iniciou mais uma longa exposição, juntando recomendações, dando uma no cravo e outra na ferradura, para acabar a sua intervenção desta vez rendido como nunca a “um trabalho fundamental e excepcional que a câmara municipal estará a fazer. Muito obrigado, senhor presidente”.
Nesta altura do seu discurso ainda faltavam mais três questões que Madelino apresentou de forma mais objectiva, nomeadamente querendo saber sobre provisões para assuntos em contencioso, gastos com gasóleo e outros.
Hélder Esménio foi curto e grosso nas respostas ao seu camarada e não gastou muito tempo com explicações. Disse que os serviços da autarquia em devido tempo lhe dariam resposta à maioria das questões. Quanto às percentagens de execução das obras garantiu que no final do ano vai conseguir cumprir o prometido; que em relação ao aumento das receitas correntes as verbas vieram do IMT assim como do Governo devido à descentralização de competências. Sobre os prazos de pagamento garantiu que também não vai fugir do prometido, e que entre os recebimento das facturas e as conferências que são devidas, se a autarquia pagar a 30 dias, como foi prometido, não haverá queixas de fornecedores. Quanto ao aumento do número de funcionários recordou que foi a assembleia municipal que aprovou o apoio aos serviços de vigilância e apoio ao prolongamento dos horários nas escolas, incluindo o pré-escolar.
No tempo das respostas à segunda intervenção de Francisco Madelino, Hélder Esménio usou de alguma ironia respondendo às insinuações do seu camarada de que os documentos denotam falta de estratégia, recordando que está em final do seu mandato de 12 anos à frente do município, e que essa é a melhor resposta que podia dar aos autarcas da assembleia e ao eleitores do concelho.
À margem
Francisco Madelino: a voz grossa de quem sempre viveu da política
Francisco Madelino é um dos dinossauros do PS que tem saltado de organismo em organismo sempre à custa do emblema do partido. É apresentado como um gestor competentíssimo mas quando não há lugares de grande responsabilidade para ocupar, trabalhar para o INATEL já é uma sorte. Foi isso que Francisco Madelino fez nos últimos anos enquanto o PS dominou a máquina do poder. Com a vitória do PSD, Madelino perdeu o lugar e voltou às origens. Agora quer ser presidente da câmara de Salvaterra de Magos. Na última assembleia municipal deixou o perfume da sua forma de estar na política local e regional: aparentemente de mal com toda a gente tomou as dores dos partidos políticos da oposição em Salvaterra e só faltou perguntar a Hélder Esménio quantas estrelas é que ele vê do seu gabinete quando espreita pela janela para saber se vem lá trovoada. Madelino é uma velha raposa da política que sabe mais que o mestre da música. Aparentemente a candidatura independente que vai sair do actual executivo do PS já estará a fazer mossa na sua forma de lidar com Hélder Esménio, que não tem nada a ver com os problemas existenciais de Francisco Madelino nem devia estar a ouvir do seu camarada o conselho de que ele devia ter uma estratégia para o concelho. Realmente em política não vale tudo e Francisco Madelino pode ser um caso de estudo para os futuros estudantes de sociologia política.