Autarcas de Tomar questionam competência da gestão da Tejo Ambiente

Eleitos na Assembleia Municipal de Tomar chumbaram a actualização do tarifário da Tejo Ambiente, empresa intermunicipal que opera em seis municípios do Médio Tejo. Em causa estava uma alteração ao tarifário com aumentos de 2,1% na água e saneamento e 2,92% para os resíduos. Autarcas deixaram palavras duras para a gestão da empresa, que tem José Santos como director-geral.
A empresa Tejo Ambiente esteve debaixo de fogo durante mais de uma hora e meia na última Assembleia Municipal de Tomar. Os líderes de bancada dos vários partidos criticaram com palavras duras a administração da empresa intermunicipal que gere os sistemas de abastecimento de água e de saneamento básico dos concelhos de Tomar, Ourém, Sardoal, Mação, Vila Nova da Barquinha e Ferreira do Zêzere, e cujo director-geral é José Santos.
A discussão começou com as explicações do presidente do município, Hugo Cristóvão (PS), sobre uma proposta de actualização do tarifário para o ano de 2025, mais baixa que aquela que resultaria do cumprimento do previsto no Contrato de Gestão Delegada, e que foi aprovado pelos seis municípios. “Havendo uma alteração na fórmula, essa alteração teria que ser aprovada nos órgãos deliberativos dos municípios. Para que fique claro. Se estamos a discutir este tema hoje é porque o conselho de administração e a assembleia geral da Tejo Ambiente entenderam não aplicar o tarifário que era proposto pela ERSAR, que era bem superior a este que está proposto”, disse.
As explicações do presidente da autarquia não convenceram os autarcas que apontaram várias falhas ao modelo de gestão que tem sido seguido pela direcção da empresa e que, segundo os eleitos, tem resultado em graves prejuízos para os munícipes e para a actividade autárquica. Américo Costa, deputado eleito pelo Chega, afirmou que se tem assistido a uma escalada dos custos imputados aos consumidores desde a criação da Tejo Ambiente. “Em dois anos registou-se um aumento de aproximadamente 35% da factura da água. É um aumento alarmante e surreal. Que medidas foram implementadas para melhorar os processos internos e reduzir os custos? Existe uma auditoria independente que comprove a eficiência da gestão? Os munícipes têm conhecimentos de como são aplicados os seus contributos?”, foram algumas das questões apresentadas pelo autarca.
A intervenção de Bruno Graça, da CDU, também foi assertiva. “Quando é que vamos ter formalmente conhecimento do plano de actividades e orçamento para 2025 da Tejo Ambiente? (…) A proposta de tarifário para 2025 afinal teve de vir para aprovação na assembleia municipal, mas não veio por generosidade ou vontade dos responsáveis da empresa”, disse. Bruno Graça recordou as palavras do director José Santos sobre o porquê da proposta ter que ser votada em assembleia municipal. “Veio exclusivamente porque não cumpre o que está estabelecido em contrato”, citou o autarca, que lamentou o encobrimento das ilegalidades que envolvem o processo e as ilicitudes que acompanham a formulação da proposta apresentada.
Tejo Ambiente fala em “surpresa”
Depois do chumbo da tarifa na Assembleia Municipal de Tomar, a Tejo Ambiente emitiu um comunicado a dar conta da proposta que previa o aumento do tarifário para o serviço público de abastecimento de água de +2,1%, a actualização do aumento do tarifário para o serviço público de saneamento de águas residuais domésticas de +2,1%, e a actualização do tarifário para o serviço público de recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos de +2,9%. " (...) O conselho de administração não pode deixar de manifestar a sua surpresa face à decisão tomada pela Assembleia Municipal de Tomar, que não defendeu os interesses dos seus munícipes, nem dos cerca de 106 mil utilizadores da empresa, impondo-lhes um maior esforço financeiro nas facturas mensais”, refere o comunicado.
Artigo desenvolvido na próxima edição impressa de O MIRANTE