Municípios do Oeste querem um futuro mais inteligente e tecnológico

Os municípios do Oeste reuniram-se no Oeste Summit para traçar estratégias de desenvolvimento da região até 2050, com foco na inovação e tecnologia. A capacitação digital, a Inteligência Artificial, a mobilidade e o ambiente foram temas centrais do debate. A região aposta num futuro mais inteligente, sustentável e preparado para o futuro.
Posicionar e afirmar o Oeste como uma escolha de vida foi o mote da primeira edição do Oeste Summit, que decorreu na Feira Internacional de Lisboa (FIL). Se antes a região era procurada sobretudo para visitar, hoje o Oeste é cada vez mais procurado para viver e trabalhar. Nesse sentido, os 12 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) - Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Óbidos, Nazaré, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras - uniram-se a uma só voz para reflectir e desenhar o futuro da região até 2050.
O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado (PS), foi um dos intervenientes nos painéis em debate na FIL. O autarca, que também preside à OesteCim, falou de governação inteligente na condição de membro do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses. “Portugal está a capacitar-se para ser uma referência digital mundial no futuro, mas desde que haja um esforço nacional para que a tecnologia vá ao encontro do cidadão e não se torne algo demasiado complexo e que afaste as pessoas”, alertou.
Os municípios do Oeste têm vindo a trabalhar para terem uma região inteligente em áreas como educação e ambiente. “Recentemente ultrapassámos a questão da mobilidade com o Passe M. Há coisas a melhorar, mas no caso de Alenquer permitiu às pessoas terem o passe a 40 euros, contribuindo para os orçamentos familiares e para a descarbonização”, sublinhou a O MIRANTE.
Um dos maiores desafios rumo a um Oeste inteligente e com dimensão tecnológica prende-se precisamente com a capacitação. Não basta ter tecnologia de ponta e acesso à Inteligência Artificial (IA) se os cidadãos e as empresas não souberem tirar partido e usar os recursos. “As pessoas têm de incorporar a tecnologia no dia-a-dia, mas não é fácil. O problema não é só o acesso, mas sim os cidadãos sentirem necessidade de usar a tecnologia e adquirirem competências”, afirmou Ricardo Ramos Pinto, presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Capacitar e apoiar as pequenas empresas
O secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, foi um dos oradores convidados. “Há que apoiar as empresas pequenas para a utilização de Inteligência Artificial. Sozinhas não conseguem fazê-lo. O caminho tem de ser menos burocrático e regulamentado para se conseguir capacitar os 308 municípios do país”, disse.
Da parte da tarde do evento, o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, anunciou que o Mundial de Surf vai realizar-se em Peniche em 2026. Para o governante, a realização de provas com esta dimensão é um impulso para o turismo, um sector que gera 27,6 mil milhões de euros, o equivalente a um PRR e meio por ano.
Oeste precisa de mais oferta no ensino
A educação ambiental é essencial para alcançar a meta desejada para o Oeste. A utilização de compostores comunitários foi um dos exemplos trazidos a debate por Carlos Alves, presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, advertindo que as “tecnologias são estéreis se não servirem as pessoas”.
No Oeste existem pólos universitários em Torres Vedras e nas Caldas da Rainha, mas era importante ter mais oferta, sublinhou Pedro Folgado a O MIRANTE. “Se não associarmos a academia a estes processos, não há credibilidade. Por isso, convidámos as instituições universitárias e académicas para disseminar o conhecimento a todo o território do Oeste. Pode ser através de mais pólos ou até oferta formativa não presencial, mas tem de ser uma aposta na região”, defendeu.