O papel das mulheres na transformação social realçado no 25 de Abril no Entroncamento

O Entroncamento assinalou os 51 anos do 25 de Abril com um programa diversificado, desde a 26ª Corrida pela Liberdade até à formal sessão solene, onde os autarcas reforçaram a importância da revolução e a defesa dos valores democráticos.
As comemorações do 25 de Abril no Entroncamento arrancaram com a tradicional Corrida da Liberdade, seguida da sessão solene no Largo José Duarte Coelho. A manhã foi marcada por momentos musicais e de poesia e ainda pelos discursos de autarcas, que reforçaram os valores da democracia e a contínua defesa da liberdade na sociedade conturbada dos dias de hoje.
A presidente da Câmara do Entroncamento, Ilda Joaquim (PS), que assumiu o cargo este ano em substituição de Jorge Faria, destacou o papel das mulheres na transformação social do pós-25 de Abril e fez um apelo à memória colectiva e à valorização das conquistas de Abril, sublinhando a importância da educação, da igualdade de género, da saúde pública e da participação cívica para manter a liberdade e democracia: “É muito importante não esquecer o percurso feito. Sempre houve opressão no mundo, mas também houve sempre alguém que lutou pela liberdade. É a nossa capacidade de querer mais que faz de nós seres humanos e que nos dá capacidade de lutar todos os dias pela liberdade”, salienta.
O tema geral dos discursos políticos destacou a profunda mudança que a revolução trouxe à sociedade portuguesa e a importância de manter os valores de Abril, alertando o presidente da assembleia municipal, Luís Antunes, para os retrocessos políticos e sociais que o mundo tem vivido. O autarca abordou a alternância de ciclos de esperança e desespero ao longo da história, alertando para os riscos da “crescente desconfiança nas instituições” e das divisões sociais actuais. Luís Antunes frisou ainda a importância de resistir à crescente desinformação e ao populismo.
Um dos destaques do dia foi também o discurso do representante da Assembleia Municipal dos Jovens, Hortêncio Fonseca, que trouxe uma perspectiva de esperança para o futuro. O jovem relatou a sua jornada desde São Tomé e Príncipe até Portugal, em busca de melhores oportunidades, recordando a independência de São Tomé e Príncipe, conquistada em 1975, e reforçando a importância que o 25 de Abril também teve para os países africanos de expressão portuguesa”, declarou. Afirmou ainda que os jovens devem lutar pelos seus sonhos e por um futuro melhor, salientando que a verdadeira arma contra os desafios do mundo actual é a inteligência e consciência social.
Após a cerimónia, foi inaugurada a exposição “Ouvir o Tempo a Chegar - Músicas de Resistência e Combate nos anos 70”, na Galeria Municipal, continuando as celebrações com o espectáculo “José Afonso, Outros Cantos e Utopias” no Cineteatro São João.