Direitos das mulheres e ameaças à democracia marcam sessão do 25 de Abril em Azambuja

O retrocesso nos direitos das mulheres e as ameaças às conquistas de Abril marcaram a sessão solene da Assembleia Municipal de Azambuja, que assinalou o 25 de Abril. Os autarcas não esqueceram as dificuldades no acesso à habitação, a degradação do SNS e o combate aos discursos populistas.
A desigualdade salarial entre homens e mulheres e as ameaças às conquistas de Abril e à democracia dominaram os discursos da sessão solene da Assembleia Municipal de Azambuja que assinalou o 25 de Abril. A sessão, que decorreu no Salão dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre, estava marcada para as 20h30, mas começou às 21h00, com os eleitos municipais a cumprirem um minuto de silêncio pela morte do Papa Francisco.
A eleita do CDS-PP, Helena Maciel, salientou o papel das mulheres na sociedade e a problemática da violência doméstica que urge combater. Do Bloco de Esquerda, a deputada Sandra Azeitão lamentou o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, os problemas da falta de habitação, com Azambuja a não ter praticamente casas disponíveis com rendas abaixo do salário mínimo nacional.
A eleita do Chega, Maria de Fátima Pinto, acusou os governantes de clientelismo, corrupção e falta de respeito. Já António Nobre, da CDU, recordou as conquistas de Abril mas alertou para o retrocesso das condições de vida e trabalho da população.
Para Nelson Rodrigues, do PSD, as conquistas de Abril deram mais autonomia ao poder local mas não é ainda a desejada face aos constrangimentos financeiros e burocracias. O autarca sublinhou a presença das mulheres na sociedade e política mas considerou estarmos ainda muito longe do ideal. “Ainda existem desigualdades salariais. Luto por um futuro em que as mulheres tenham lugares de igualdade e respeito”, disse o autarca sublinhando que há que rejeitar populismos e conservadorismo.
Eleitas alertam para discursos de exclusão social
O PS deixou críticas ao cancelamento das comemorações decretado pelo Governo da Aliança Democrática por causa da morte do Papa Francisco. Para a eleita Cláudia Gomes, foi um pretexto para não se assinalar a data devidamente. A autarca reiterou que a igualdade entre homens e mulheres está longe de ser alcançada e que, infelizmente, se tem assistido a um retrocesso dos direitos das mulheres, nomeadamente na saúde reprodutiva e no mercado de trabalho.
O presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), disse que no 25 de Abril o povo decidiu deixar de viver ajoelhado e com medo de ser e pensar. O edil diz que o actual executivo está comprometido com os valores de Abril como o progresso, liberdade e justiça.
A sessão terminou no feminino com os alertas da presidente da assembleia municipal, Vera Braz (PS), a considerar que alguns políticos têm testado os limites da democracia e colocado os direitos humanos em segundo plano. “É um alerta para estarmos todos atentos à liberdade. Assistimos a discursos de exclusão, divisão social e ataques sistemáticos às conquistas de Abril. Há que denunciar com firmeza o que ameaça o espírito de Abril”, disse a autarca. A sessão terminou com os autarcas a cantar o Hino Nacional, seguido de um concerto com “Refrões de Abril”.