Santarém evoca Salgueiro Maia e lembra que a liberdade não é um dado adquirido

Cerimónia do 25 de Abril em Santarém decorreu mais uma vez junto à estátua do Capitão de Abril Salgueiro Maia e foi muito participada. As ameaças à liberdade e à democracia, com diversos sinais de alerta pelo mundo, e o crescimento dos populismos marcaram os discursos.
Santarém celebrou o 25 de Abril com a habitual cerimónia “Cravos para Salgueiro Maia”, onde mais uma vez foi sublinhado pelos vários oradores o papel fulcral que a coluna militar da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandada por Salgueiro Maia, teve no derrube da ditadura em 1974. Mas também não foram esquecidos os riscos que as democracias liberais enfrentam actualmente, enfatizando-se que a liberdade e a democracia não são dados adquiridos.
“Hoje temos o privilégio de viver em liberdade. Mas isso traz-nos, também, a responsabilidade e o dever de a preservar, fortalecer e transmitir. Se há algo que não podemos dar como adquirido é a Liberdade, devemos preservá-la de forma continuada, existem exemplos por este mundo fora que nos devem colocar em alerta constante. A nossa presença nesta cerimónia é um acto de contínuo tributo à Liberdade, à Democracia e à luta que nunca está concluída pela qualidade de vida da nossa população”, afirmou o presidente da Câmara de Santarém, João Leite (PSD).
O edil deixou ainda uma palavra especial aos jovens, exortando-os a que sejam inconformados, críticos e criadores de novas formas de viver Abril, pois carregam “o potencial transformador de quem acredita num amanhã mais justo, mais livre e mais solidário”. João Leite deixou também um apelo aos restantes cidadãos para “que não deixem que a rotina apague o brilho do que foi conquistado”. E citando Salgueiro Maia, que disse que “há alturas em que é preciso desobedecer”, considerou que “hoje, é tempo de desobedecer à indiferença, à ignorância, ao comodismo, à maledicência gratuita, à demagogia barata e ao populismo bacoco”.
Também o presidente da Assembleia Municipal de Santarém, Joaquim Neto (PS), frisou que a democracia “não é um estado estático”, necessitando de “vigilância e renovação constantes”. Enalteceu os militares de Abril e a EPC e rotulou Salgueiro Maia como “exemplo intemporal de serviço à nação, de ética e coragem cívica”, deixando um mote a concluir: “Que esta estátua [de Salgueiro Maia] que nos observa continue a ser um farol de valores, uma referência de coragem e uma lembrança de que a liberdade deve ser protegida com determinação e responsabilidade”.
Discursaram ainda o coronel João Andrade Silva, em representação da Associação Salgueiro Maia, e José Raimundo Noras, pela associação das comemorações do 25 de Abril, que enfatizou que “as portas que Abril abriu ninguém as vai encerrar”. A cerimónia, presenciada por muitos autarcas, antigos militares e populares, contou com a presença das três bandas filarmónicas do concelho, que tocaram em conjunto a icónica “Grândola Vila Morena”, e de um contingente do Regimento de Apoio Militar de Emergência de Abrantes.