Política | 03-05-2025 12:00

Vídeo partidário motiva demissão do presidente da assembleia da Misericórdia de Alenquer

Vídeo partidário motiva demissão do presidente da assembleia da Misericórdia de Alenquer
João Galvão Teles. fotoDR

João Galvão Teles apresentou a demissão da presidência da mesa da assembleia-geral da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer, após a divulgação de um vídeo do PS Oeste gravado nas instalações da instituição. Para o dirigente, a participação do provedor da instituição, Luís Rema, na peça comprometeu a isenção exigida. Já os órgãos sociais da instituição defendem o provedor e dizem não haver motivo para renúncia ao cargo.

O presidente da mesa da assembleia-geral da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer (SCMA), João Galvão Teles, apresentou a demissão após a divulgação de um vídeo do PS gravado nas instalações da instituição. O vídeo, publicado pela Federação Regional do Oeste do Partido Socialista no dia 25 de Abril, promoveu a construção da nova creche, financiada por fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, como resultado do trabalho do Governo do PS, apelando ainda ao voto no partido nas eleições legislativas de 18 de Maio.
Na gravação, é possível ver candidatos socialistas a visitar as obras, bem como a presença do provedor da instituição, Luís Rema, também candidato à presidência da Assembleia Municipal de Alenquer pelo PS. Apesar de Luís Rema não ter proferido declarações no vídeo, João Galvão Teles, que é também chefe de gabinete da secretária de Estado da Justiça, considera que a necessária separação entre funções institucionais e políticas foi quebrada, comprometendo a isenção e a idoneidade da Santa Casa.
“O senhor provedor da SCMA, Luís Rema, comunicou-me há alguns meses ter aceitado o convite do PS para se candidatar à presidência da Assembleia Municipal de Alenquer. Na ocasião, questionei-o se entendia ser essa candidatura compatível com o exercício do cargo de provedor da Misericórdia e se pretendia manter essas funções. Respondeu-me afirmativamente. Admiti então e esperei que Luís Rema soubesse garantir a indispensável e absoluta separação entre as qualidades de provedor e de candidato, pois assim o exigia não apenas o mais elementar bom senso e sentido de responsabilidade, mas também a isenção, a idoneidade e o foco nos superiores interesses da Santa Casa pelos quais se deve pautar o exercício da função executiva de provedor”, justificou João Galvão Teles.
Face à perda de confiança, João Galvão Teles decidiu renunciar ao cargo. “Lamentavelmente, ao consentir a realização do vídeo em causa e nele participar, Luís Rema colocou a SCMA no centro da disputa político-partidária e permitiu a apropriação da sua actividade por parte do partido político pelo qual milita e se candidata, tornando legítimo o entendimento, por parte da opinião pública, de que o cargo de provedor possa ter servido para promover as suas próprias aspirações políticas e as dos seus correligionários. (...) Em virtude desta falta ética, deixou de reunir as condições para continuar a exercer o cargo de provedor”, reiterou.
A O MIRANTE, a mesa administrativa da SCMA e demais órgãos sociais, dizem ter sido surpreendidos com a renúncia ao cargo de João Galvão Teles. Em comunicado, a instituição sublinha que é da competência da mesa administrativa aceitar visitas de movimentos cívicos ou forças partidárias ao espaço da futura creche e diz que as imagens e declarações proferidas no vídeo são da responsabilidade dos eleitos do Partido Socialista presentes na visita e não do provedor da Santa Casa e candidato autárquico que “não teve qualquer interferência nas intervenções nem incentivou ou colaborou na sua divulgação”.
Nesse sentido, a mesa administrativa da instituição considera que as razões evocadas pelo presidente da mesa da assembleia geral não sustentam a demissão do cargo e terminam agradecendo a colaboração de João Galvão Teles.

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