Política | 26-05-2025 15:00

Socialistas da região acreditam que maus resultados não se vão repetir nas autárquicas

Socialistas da região acreditam que maus resultados não se vão repetir nas autárquicas
Diamantino Duarte, Ricardo Antunes, Sérgio Oliveira, Nuno Mira, Silvino Lúcio e Fernando Paulo Ferreira

O MIRANTE falou com alguns líderes do PS na região ribatejana depois da derrota do partido nas eleições legislativas. Todos assumem a derrocada, exigem uma reflexão profunda e consideram que a realidade das eleições autárquicas vai ser completamente diferente.

A subida eleitoral do Chega não surpreendeu o presidente da concelhia socialista de Santarém, Diamantino Duarte. “O que aconteceu na região e no país demonstra que alguns partidos, nomeadamente o PS, têm que repensar a sua forma de actuar e sua organização”, diz o também presidente da União de Freguesias da Cidade de Santarém, defendendo que o PS tem que ser “cada vez mais um partido que se preocupe com as necessidades reais das pessoas e oiça mais o povo fora de Lisboa”. O dirigente e autarca socialista reforça que o seu partido “não pode continuar a fazer política nos gabinetes de Lisboa” e considera que o PS “cometeu erros e não soube aproveitar a confiança que o povo lhe deu para fazer reformas fundamentais no país”, tendo caído na esparrela de inviabilizar a moção de confiança apresentada pelo PSD, cujo chumbo desencadeou este acto eleitoral. Quanto ao que este resultado pode perspectivar para as autárquicas do próximo Outono, Diamantino Duarte refere que são actos eleitorais muito distintos, porque nas eleições locais conta muito a figura dos candidatos e o seu peso nas respectivas comunidades.
Hugo Costa, presidente da Federação Distrital de Santarém do PS, assume a derrota felicitando ao mesmo tempo quem venceu, a AD. “Reconheço a derrota do PS na região, mas mais do que na região, no país. O resultado do distrito de Santarém é similar a muitos outros distritos e isso significa que não conseguimos passar a mensagem. Temos de fazer uma reflexão profunda”, alerta o também presidente da Assembleia Municipal de Tomar. Hugo Costa afirma não acreditar que existam ilações directas que podem ser tiradas para as próximas autárquicas. “O PS lidera a maioria dos municípios e os autarcas são reconhecidos na comunidade. Temos de trabalhar para vencer o maior número de câmaras possível”, vinca, acrescentando que, enquanto deputado à Assembleia da República vai continuar a defender intransigentemente o distrito de Santarém.
Ricardo Antunes, presidente da concelhia do PS do Entroncamento, reconhece o resultado negativo e assume responsabilidades no concelho onde o Chega também saiu vencedor. “É importante olhar para os problemas e construir soluções sem andar só a dizer aquilo que as pessoas querem ouvir. Não vale a pena meter a cabeça”, refere, afirmando que os projectos autárquicos têm um fio condutor diferente. “Cada autarca tem que trabalhar para chegar às pessoas e fazer pontes. O PS no Entroncamento vai continuar a fazer trabalho de proximidade com as empresas, entidades e tecido associativo”, garante a O MIRANTE.
Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância eleito pelo PS, também não ficou admirado com os resultados. “Não fiquei surpreendido com o resultado no concelho de Constância, porque vou falando com as pessoas, somos uma comunidade pequena, e fui-me apercebendo que o Chega poderia ter uma votação bastante significativa”. Aliás, já em 2024 o Chega tinha ficado a poucas dezenas de votos do PS, que venceu. Quando ao que se poderá passar nas próximas autárquicas e se estes resultados podem constituir um alerta a quem está no poder, o autarca socialista diz que há que respeitar o cenário que daí sair”.
Nuno Mira, presidente da concelhia do PS da Chamusca e candidato ao município pelo partido, afirma que “o crescimento global da extrema-direita, alicerçado no populismo e na desinformação, chegou para ficar e, a partir deste momento, o Chega é um partido que luta pelo poder em Portugal”. Para Nuno Mira a próxima direcção do PS “deve garantir, no Parlamento, a estabilidade do país, reconquistar a confiança dos portugueses e construir uma alternativa de Governo baseada nos reais problemas da grande maioria do povo português”. Quanto ao resultado no concelho da Chamusca, onde o Chega saiu vencedor, “foi uma derrota ao nível do que aconteceu por todo o distrito e pelo país, onde as políticas locais não tiveram influência. Cumpre-me, enquanto presidente de concelhia e candidato à câmara, garantir que apresentamos as melhores pessoas para defender o concelho da Chamusca”.
O presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), refere que “é a democracia a funcionar”. No entanto, sublinha, cabe ao PS “fazer uma reflexão” sobre esta derrota que, vinca, não se ficou só por Azambuja, mas por muitos concelhos do Ribatejo. Questionado sobre se perspectiva que este resultado possa repetir-se nas eleições autárquicas, o candidato do PS à Câmara de Azambuja diz que “pode ser um sinal”, mas que o cenário é diferente.
Para o socialista Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, os resultados eleitorais não se podem confundir com a realidade local por serem de âmbito nacional e por isso não espelham a realidade local. Diz esperar pela reflexão interna que o PS irá fazer e o facto do Chega ter sido a força política mais votada no concelho não parece perturbá-lo. “Estes resultados não se confundem com o trabalho local. Continuarei a trabalhar para implementar os projectos que temos em cima da mesa para acrescentar importância ao concelho de VFX na Área Metropolitana de Lisboa”, refere..

Pedro Ribeiro e Sónia Sanfona demarcam-se da liderança de Pedro Nuno Santos

Os socialistas Pedro Ribeiro e Sónia Sanfona, presidentes das câmaras de Almeirim e Alpiarça, respectivamente, demarcaram-se da liderança de Pedro Nuno Santos assumindo que nas últimas internas do partido votaram em José Luís Carneiro. “Estive com António José Seguro e depois com José Luís Carneiro. Sei bem em que partido milito e o que defende. O meu PS defende sobretudo o bom-senso. Ao longo dos últimos anos esse bom-senso foi sendo perdido fruto de gente que vive numa bolha que nada tem a ver com a realidade. Continuo a defender a minha terra, o meu distrito, o mundo rural e o direito a viver com futuro. Cá estarei. Um pedido de desculpas a quem desiludimos”, assumiu Pedro Ribeiro nas suas redes sociais.
Sónia Sanfona também fez mea culpa e mostrou solidariedade. “Nas últimas eleições internas apoiei o meu camarada José Luís Carneiro, mas não deixei de estar sempre solidária com o meu partido, o único em que militei e milito. Quando vencemos, vencemos todos e quando perdemos, perdemos todos. Agora, é tempo de retirar todas as ilações do que se passou, compreender e aceitar a decisão do povo e, olhando para o futuro, preparar a sua construção. Continuarei disponível para dar o meu contributo para esse trabalho”, disse.

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