Política | 06-06-2025 10:38

Mais de 100 militantes do BE de Santarém abandonam partido com fortes críticas à liderança de Mortágua

Mais de 100 militantes do BE de Santarém abandonam partido com fortes críticas à liderança de Mortágua
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Cerca de dois terços dos militantes que abandonaram o partido pertenciam à concelhia de Salvaterra de Magos, um deles o vereador eleito pelo BE, agora independente. Militantes falam em atitudes antidemocráticas e desculpas esfarrapadas para as derrotas eleitoriais.

Mais de uma centena de militantes do BE de Santarém anunciaram a sua desvinculação do partido, criticando a estratégia política pós-geringonça e acusando a direcção de afastar críticos e adoptar práticas que "envergonhariam muitos patrões". Numa carta enviada à comunicação social, cerca de 110 aderentes do BE da concelhia de Santarém, nos quais se inclui o ex-deputado à Assembleia da República, Carlos Matias, defendem que o partido "há muito se afastou da opção de construir um forte polo à esquerda, alternativo ao rotativismo do bloco central" e argumentam que a geringonça, "uma opção adequada numa conjuntura específica, impregnou irremediavelmente a linha estratégica do BE". "As propostas políticas são sistemática e convenientemente buriladas, quando não metidas na gaveta, na esperança de virem a ser aceites pelo PS", criticam os bloquistas, que também defendem que "a luta dos trabalhadores como fundamental em qualquer transformação de fundo foi substituída por agendas identitárias e parciais, importantes sem dúvida, mas de limitado alcance".
Considerando que "o gume cortante da intervenção inicial do BE há muito embotou", os militantes notam que ao longo dos últimos anos têm levado as suas críticas aos órgãos máximos do partido, mas a maioria da direcção do Bloco de Esquerda rejeita-as sistematicamente. "Está no seu direito. Mas, depois, nunca assume a responsabilidade pelas sucessivas derrotas eleitorais, foge aos balanços, justifica-se sempre com as dificuldades da conjuntura", lamentam. As críticas à coordenação, liderada por Mariana Mortágua, continuam, com estes bloquistas a acusar a direcção de desencadear "um processo de progressiva centralização das decisões, afastando vozes incómodas ou não controladas pelo aparelho". Afirmam ainda que os funcionários do partido "são vítimas de práticas que envergonhariam muitos patrões" e que o caso das recém-mães que foram despedidas em 2022 e que abalou o partido "não é único".
Na nota, os militantes afirmam ainda que “a escolha dos candidatos a deputados pelo distrito, estatutariamente da competência das Assembleia Distrital, só é acatada quando o escolhido é de um dos grupos que dominam o partido”, que a constituição de núcleos “é ferreamente controlada pelo aparelho”, que “órgãos estatutários, como a Comissão Política, são esvaziados por órgãos não estatutários, como o Secretariado Nacional” e que a distribuição de recursos e funcionários pelas organizações distritais depende da fidelidade ao centro único e à “linha oficial”.
Direção do BE fala em “desfiliações programadas”
O secretariado do BE lamentou as saídas anunciadas de militantes do partido, em tempo de “juntar forças”, mas considerou estar em causa um conjunto de “desfiliações programadas”. “O Bloco lamenta todas as saídas de aderentes. Este é o tempo de juntar forças, de reforçar o debate e a cooperação, e não tempo do abandono, do sectarismo ou da fragmentação à esquerda”, lê-se numa nota enviada à imprensa. Em reação ao facto de mais de cem militantes de Santarém terem anunciado a sua saída do partido, o “núcleo duro” do BE refere que “dos 89 pedidos de desfiliação efectivamente recebidos, dois terços são oriundos da concelhia de Salvaterra de Magos”.

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