Política | 19-07-2025 15:00

Aveiras Sport Clube vende único património à Câmara de Azambuja para pagar obras

O Aveiras de Cima Sport Clube prepara-se para vender o campo de futebol, o único património que possui. O comprador é a Câmara de Azambuja, a quem também vendeu a sede que virou parque de estacionamento.

O Aveiras de Cima Sport Clube pretende vender à Câmara de Azambuja o terreno onde tem o campo de futebol e infraestruturas de apoio para pagar a uma empresa construtora. Os sócios já autorizaram a venda do imóvel - que foi herdado e que é o único património do clube - ao município, em assembleia-geral extraordinária, mas querem assegurar, através de protocolo, que as infraestruturas são posteriormente cedidas ao clube, que tem cerca de 250 atletas.
Segundo explica a O MIRANTE o vice-presidente da direcção, Carlos Ferraz, o clube avançou com obras de beneficiação dos balneários, bar e outras infraestruturas de apoio, orçamentadas em cerca de 300 mil euros e que tinham o apoio do Instituto Português do Desporto e Juventude e da Associação de Futebol de Lisboa. Mas o orçamento, afirma, cresceu para os 950 mil euros após a pandemia devido ao aumento do custo dos materiais e mão-de-obra, e também de trabalhos que foram sendo acrescentados.
O clube apenas conseguiu pagar à empresa de construção 250 mil euros e a obra encontra-se suspensa. Uma situação difícil para o clube que, sublinha o vice-presidente, apenas quis “dar condições dignas” aos atletas, uma vez que as instalações existentes estavam degradadas e não dignificavam a actividade do clube, que aposta no futebol de formação. “Vamos vender o único património que temos. Não é uma decisão fácil. O que vamos fazer com a câmara é uma parceria para dar condições aos miúdos. É verdade que a câmara não precisa daquilo para nada, é por responsabilidade social”, diz Carlos Ferraz, considerando que “faz mais sentido as câmaras municipais ajudarem a gerir as instituições do que injectarem dinheiro nelas”.
O presidente da direcção, Pedro Rodrigues, confessa que se houvesse outra alternativa o clube não avançaria com a venda do único património de que dispõe e que está avaliado, por peritos, num valor entre os 450 mil e os 500 mil euros. O dirigente refere ainda que após explicarem a situação financeira difícil em que se encontram foi a própria autarquia a sugerir a compra do terreno.
“Estamos cá para ajudar as instituições”
Questionado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), admite que a compra do imóvel está a ser estudada pela autarquia porque, juridicamente, parece ser a única solução viável para livrar o clube da dívida pesada à empresa de construção. “Estamos cá para ajudar as instituições a singrar e estamos a falar do Aveiras de Cima Sport Clube, que tem tido uma aposta forte em termos de formação com mais de 200 atletas e que o que fizeram foi tentar melhorar as instalações”, diz.
Sobre o valor pelo qual será comprado o imóvel, o autarca socialista diz que ainda não está definido e que o município terá de fazer a sua própria avaliação. Adianta ainda que se a compra se concretizar a Câmara de Azambuja está disponível para protocolar com o clube a cedência das instalações por um período de 99 anos, ou outro que reúna consenso entre as partes.

Não é a primeira vez que município investe em terrenos do Aveiras

Esta não é a primeira vez que a Câmara de Azambuja investe em terrenos usados pelo Aveiras de Cima Sport Clube. Em 2011 foi inaugurado o Campo de Jogos 1º de Abril com relva sintética que custou aos cofres do município 450 mil euros. Nessa altura o terreno nem sequer pertencia ao Aveiras, mas a uma proprietária a quem o clube pagava uma renda.
Mais recentemente, a Câmara de Azambuja comprou a sede do Aveiras de Cima Sport Clube, por cerca de 106 mil euros, para a demolir e no local construir um parque de estacionamento. Situado na rua principal da vila de Aveiras de Cima, o local conta com um mural com imagens alusivas ao clube, projecto que resultou de uma proposta vencedora do Orçamento Participativo e que custou 4 mil euros ao município.

Terreno vem de herança de uma particular

O terreno que o Aveiras de Cima Sport Clube quer vender ao município está na sua posse há apenas dois anos depois da Voz do Operário, associação que o recebeu de herança de uma particular, o ter doado ao clube. A direcção anterior do clube, conta o actual presidente, conseguiu que a proprietária inicial incluísse no testamento alíneas que permitiam que, se a Voz do Operário rejeitasse o terreno, este revertesse a favor do Aveiras de Cima Sport Clube.

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