Dionísio Mendes traiu gratidão dos autarcas que lhe deram a mão para administrador da Ecolezíria

O ex-presidente da Câmara de Coruche anda há anos a usufruir da empresa intermunicipal de resíduos, Ecolezíria, por beneplácito dos autarcas dos municípios que constituem a entidade pública, para não perder a importância institucional por ter sido político. Apesar de reformado, Dionísio Mendes mantém-se no cargo e continua em funções mesmo sendo candidato independente à mesma câmara, que faz parte da empresa, o que caiu mal a quem lhe deu a mão.
A candidatura do administrador da empresa intermunicipal Ecolezíria, Dionísio Mendes, à Câmara de Coruche, como independente, não caiu bem dentro da empresa de capitais unicamente públicos. E ainda caiu pior aos autarcas de câmaras socialistas, que representam cerca de 67% da entidade que gere os resíduos urbanos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos. Sobretudo porque está a concorrer contra o partido pelo qual já foi autarca e que lhe deu a mão na empresa, ganhando um ordenado “chorudo” há anos, para não ter que voltar a dar aulas, uma vez que era professor do secundário antes das lides autárquicas.
Foram os socialistas, com a maioria na Ecolezíria, que tem gerido o aterro da Raposa (Almeirim) e que deram a mão a Dionísio Mendes para ficar num cargo que mantivesse algum estatuto e ligação à política. O administrador, que além dos socialistas também defronta a CDU e o PSD nas autárquicas, partidos que também estão representados na empresa através das câmaras de Benavente e Cartaxo, respectivamente. Alguns autarcas, apesar de não terem debatido o assunto em assembleia, comentam entre eles o desconforto com o facto de Dionísio Mendes estar a fazer campanha eleitoral e manter um cargo que é pago pelos municípios e que supera o ordenado de autarcas.
O administrador da Ecolezíria não ganha mais, somando a remuneração e as despesas de representação, que algum dos presidentes das câmaras que fazem parte da empresa intermunicipal. Mas em termos de despesas de representação consegue suplantar o valor que é atribuído à presidente da Câmara de Alpiarça, Sónia Sanfona, embora seja uma diferença pouco significativa, de cerca de 29 euros. Com cerca de 3.200 euros de ordenado, incluindo as despesas de representação, o ex-autarca ganha mais que os vereadores das câmaras que fazem parte da Ecolezíria, que se limitava praticamente a gerir os pagamentos dos municípios e a deposição dos resíduos no aterro ou a encaminhá-los para reciclagem.
A empresa só recentemente passou a fazer a recolha em baixa nos municípios de Almeirim e na terra do administrador, Coruche, onde no ano passado a empresa pública foi criticada em reunião de câmara por um mau serviço que levou à acumulação de lixo nas ruas. Entretanto Alpiarça também aderiu a este serviço. Dionísio Mendes, que tem direito a carro de serviço, também sabe que está a prazo na empresa intermunicipal, uma vez que se vai iniciar com as autárquicas de Outubro um novo ciclo político com novos autarcas por força da limitação de mandatos de cinco dos seis presidentes de câmara que constituem a empresa: Benavente, Almeirim, Salvaterra de Magos e Coruche.