Movimento Independente de São Vicente do Paul reage à decisão do Tribunal Constitucional que o impediu de ir a votos

Movimento Independente de São Vicente do Paul foi impedido de concorrer, nessa freguesia do concelho de Santarém, às eleições autárquicas de 12 de Outubro devido a um lapso na elaboração da lista, que não respeitou a lei da paridade. A cabeça de lista, Susana Veiga Branco, deixa a sua posição a O MIRANTE, que publicamos na íntegra no diário online. A ex-candidata considera que a democracia em Portugal está definitivamente mais pobre quando o tribunal não permite que uma candidatura de um movimento independente vá a eleições.
A democracia em Portugal está definitivamente mais pobre, quando o tribunal não permite que uma candidatura de um Movimento Independente vá a eleições. 51 anos após o 25 de abril é gravíssimo e de lamentar que a vontade do povo não possa ser assim expressa em eleições. E isto por erros processuais, inclusive pelo Tribunal da Comarca de Santarém. Os erros a nós apontados foram sanados e nunca considerados pelo tribunal, que se refugiou em questões jurídicas que o cidadão comum não compreende.
Tínhamos confiança em quem tratou e verificou o processo de candidatura. Estávamos firmes pois tínhamos muito mais assinaturas e apoiantes que as exigidas para um movimento independente, tínhamos uma lista carregada de gente de várias gerações, com muitas mulheres e muitos homens com história na freguesia e outras tantas com vidas autárquicas a iniciar. Gente de todos os quadrantes políticos que acreditam que nas freguesias as pessoas e a sua idoneidade contam mais.
Estamos agora perante o profundo erro da cidadania estar a ser posta em causa.
Qual a legitimidade democrática do próximo executivo da junta de freguesia, quando o Movimento Independente que liderou a freguesia em maioria nos últimos 16 anos foi impedido pela justiça de concorrer às eleições?
As pessoas estão obviamente muito magoadas e dececionadas, não só os autarcas recandidatos e toda a lista do Movimento Independente como as centenas dos seus apoiantes e a população.
Quero deixar, em nome do MI SVP e em meu nome pessoal, aqui, um agradecimento público a todas as pessoas que acreditaram e acreditam neste Movimento e que tudo fizeram para continuarmos a lutar pela nossa terra, por São Vicente do Paul. Os nossos apoiantes, o nosso grupo, as nossas empresas e instituições, todos estamos revoltados com a democracia portuguesa no Séc. XXI, pela justiça neste país, que não nos permitem trabalhar por esta que é a nossa casa, onde habitamos e as nossas famílias estão, onde seria fundamental continuar um trabalho digno, justo, competente e experiente.
Gerir dinheiros públicos e gerir uma freguesia e os seus habitantes não é algo que se faça por um grupo de amigos que assim o decidiu num passeio de fim de semana, não pode ser uma ambição ou mera birra de querer o cargo der por onde der e seja com quem for. Falamos de um cargo que necessita de total integridade, de humildade, de absoluta responsabilidade, competência, provas dadas e disponibilidade total, de proximidade verdadeira e desinteressada para com todos, de respeito para com os mais velhos e os mais novos, para com todos. E tudo isto com uma planificação estratégica a curto, médio e longo prazo, realizada por quem aprendeu, por quem está por dentro dos assuntos e sabe que um trabalho profícuo une o passado ao presente e ao futuro, não palavras da boca para fora, mas reais.
O MI SVP orgulha-se de se ter pautado por esta junção, assim como por ter realizado uma campanha ao mais alto nível, justa, digna, inclusiva, real e dinâmica. Nem por uma vez um único elemento saiu deste patamar. Fomos alvo de difamação, de ataques gratuitos sem conteúdo e mentirosos. O medo e a postura de infantilidade da nossa oposição nunca nos vergaram, não mereceu resposta a não ser a sabedoria do ignorar. Tudo deve ser dito nos locais certos, como os órgãos de comunicação, e não em redes sociais. Se na campanha foi assim, então como será no futuro? Estamos obviamente preocupados.
O nosso lema é “Somos por São Vicente” e dotado de um profundo significado. Aceitei concorrer pelo MI SVP sem outras pretensões que não fossem cívicas, para continuar o trabalho do Presidente Ricardo Costa, que já não se poderia recandidatar, um legado de 40 anos de serviço público à comunidade. Aceitei para que fosse um trabalho conjunto de uma equipa fantástica pela e para a população, uma equipa que aumentasse a cada dia, que delegasse, que evoluísse, que integrasse e preparasse os jovens para o futuro, com uma visão partilhada pelo conjunto, nunca esquecendo as nossas raízes, a sabedoria dos mais idosos, os meus queridos idosos, a quem tanto agradeço também e que me abordavam na rua, tal como tantas outras pessoas, a pedir que eu fosse em frente, que me abraçavam e diziam que tinha de avançar.
Obrigada, equipa, obrigada população. Obrigada também à AD, que nos apoiou desde o início, reconhecendo o nosso trabalho e optando por não concorrer. Também ao CHEGA, que optou por não apresentar lista, reconhecendo a força do MI SVP e aquilo que representa em SVP. A minha gratidão aos convites que recebi para cabeça de lista, pelo PSD, pelo PS e pelo CHEGA. A todos agradeço o reconhecimento, mas a minha palavra e coração estavam e estão com o Movimento Independente, sendo presidente da Assembleia eleita pelo mesmo desde há 12 anos.
Por tudo o que mencionei e por tanto mais, o MI SVP não vai acabar, vai continuar a existir e dá a garantia que daqui a 4 anos irá manifestar ainda muito mais força.
Não fomos derrotados nas urnas, fomos derrotados pela justiça portuguesa. Percebemos mais uma vez a diferença entre sermos uma lista independente ou uma lista partidária. Os obstáculos, na forma como somos vistos pelas instituições, são muito superiores.
Continuamos a acreditar nos valores de abril, mas neste momento onde estarão eles?!
Susana Veiga Branco
(P/lo MI SVP-Movimento Independente de São Vicente do Paul)