Política | 29-09-2025 21:00

Médio Tejo com dificuldades em concluir projectos de habitação devido às burocracias

Médio Tejo com dificuldades em concluir projectos de habitação devido às burocracias
CIM do Médio Tejo quer construir 1.200 apartamentos mas 40 concursos ficaram desertos - foto DR

Para além da morosidade dos processos, CIM Médio Tejo queixa-se do facto dos concursos para empreitadas ficarem desertos, o que atrasa todo o procedimento e pode pôr em causa os níveis de financiamento.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo alertou para dificuldades em concluir projectos de habitação acessível dentro dos prazos, devido à morosidade dos processos, e defendeu a prorrogação do PRR para garantir os apoios financeiros contratualizados. Em declarações à Lusa, o presidente da CIM do Médio Tejo, Manuel Valamatos, disse que “já existe uma percentagem significativa de apartamentos em curso”, de acordo com o protocolo assinado com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). Contudo, salientou, o ritmo actual é insuficiente para conseguir concluir as obras até Julho de 2026 e essa preocupação já foi transmitida à secretária de Estado da Habitação, Patrícia Costa, que esteve em Tomar a convite dos autarcas do Médio Tejo.
“Precisamos de avançar mais rápido. Primeiro, alguns procedimentos com o IHRU têm que ser verdadeiramente mais céleres e, por outro lado, há preocupações com os próprios investimentos e com a percentagem de apoio financeiro”, destacou o autarca que lidera a CIM Médio Tejo, entidade que agrega 11 municípios. Segundo Manuel Valamatos, que também preside ao município de Abrantes, o prazo limite de Julho de 2026, definido no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), “coloca em causa a concretização de muitas obras e a sustentabilidade financeira” de muitos municípios. Caso os prazos não sejam prorrogados, o financiamento das habitações poderá deixar de ser a 100%, passando para apoios de 70 a 75%, o que “iria onerar significativamente os orçamentos municipais”, declarou.
“Estamos preocupados que muitas das habitações que estamos a construir não sejam financiadas a 100%. A senhora secretária de Estado deixou-nos a esperança de que o tempo de conclusão das obras possa ser alargado. Caso assim não seja, é fundamental que haja mecanismos financeiros que respondam às expectativas geradas com a assinatura do acordo para os 1.200 apartamentos que queremos construir no Médio Tejo”, acrescentou.
Entre as dificuldades apontadas, o presidente da CIM destacou a complexidade e a morosidade processual, mas também a falta de interesse do setor da construção. “Temos cerca de 40 concursos para empreitadas que ficaram desertos. Não temos empreiteiros nem empresas a concorrer, o que atrasa todo o procedimento e pode pôr em causa os níveis de financiamento”, explicou. Manuel Valamatos disse ainda que os municípios não têm faltado ao compromisso com a habitação, que definiu como “prioritário” em termos estratégicos para a região.
Ainda segundo o responsável, na reunião que os autarcas do Médio Tejo tiveram com a secretária de Estado da Habitação foram abordados “temas essenciais para o avanço dos projectos habitacionais”, como a execução dos acordos já celebrados, o empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) para apoiar os projectos a custos acessíveis, incluindo a transição de projectos do PRR para o BEI, e ainda o programa 1.º Direito, que apoia o acesso à habitação. Os autarcas, acrescentou, deixaram “dois pedidos centrais” à governante: “maior celeridade nos procedimentos do IHRU e sensibilidade do Governo e da União Europeia para ajustar prazos e percentagens de financiamento” ao investimento.

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