Política | 27-10-2025 21:00

Hélder Esménio despede-se da Câmara de Salvaterra e admite que a política é “um local perigoso”

Hélder Esménio despede-se da Câmara de Salvaterra e admite que a política é “um local perigoso”
Os vereadores Elvira Batista, Helena Neves, o presidente Hélder Esménio, assim como os vereadores Noel Caneira e Marisa Simão estiveram presentes na última reunião de câmara do actual executivo - foto O MIRANTE

Na última reunião pública que presidiu, Hélder Esménio encerrou 42 anos de trabalho na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, primeiro como técnico e depois como presidente. O socialista, que liderou o município durante 12 anos, despediu-se com palavras de agradecimento mas também com críticas, descrevendo a política como “um local perigoso” onde “a inveja e a maledicência” são frequentes.

A emoção marcou a última reunião pública do executivo da Câmara de Salvaterra de Magos, presidida por Hélder Esménio (PS), na terça-feira, 15 de Outubro, três dias depois de terminar o ciclo político de 12 anos à frente do município. O autarca socialista, que completará em breve 42 anos e meio ao serviço da autarquia, iniciou a sua intervenção recordando a entrada nos quadros municipais, em Janeiro de 1983, e o percurso que considera ter sido guiado pelo “dever cumprido” e pela proximidade às pessoas. “Posso afirmar que foi com orgulho que trabalhei no poder local, como técnico e como autarca”, afirmou, sublinhando que procurou sempre “fazer obra apenas com as verbas das receitas próprias, sem comprometer a vida autárquica futura”.
O presidente cessante destacou o trabalho de equipa e o contributo dos colegas de vereação, técnicos e dirigentes associativos, reconhecendo que “nada disto é mérito exclusivo meu” e que o maior legado de um autarca “é saber juntar o que cada um tem de melhor para dar”. Mas também deixou críticas ao ambiente político e às tensões vividas durante o recente processo eleitoral, descrevendo a política local como “um local perigoso” onde “a inveja e a maledicência” são frequentes. Apesar disso, garantiu nunca ter perdido o entusiasmo pelo serviço público.
Hélder Esménio revelou ter deixado publicado um boletim informativo com o balanço dos 12 anos de mandato, afirmando que a história deve ser preservada “sem ser adulterada”. Reiterou ainda a importância das autarquias, apelando à confiança no poder local. “Desconfiem sempre daqueles que maldizem as autarquias, pois só elas estão em condições, pela proximidade, de responder aos anseios das pessoas”, vinca.
Fiel à sua postura discreta, o autarca pediu desculpa aos jornalistas pelas entrevistas recusadas ao longo dos anos, justificando que “o exercício de funções públicas não é sobre cada um de nós, é sobre os outros e o que conseguimos fazer”. “Nunca quis estar na ribalta, preferi sempre fotografar a ser fotografado. Se alguma vaidade tenho, e tenho, não é de aparecer, mas de estar; não é de prometer, mas de conseguir”.
Na despedida, Hélder Esménio agradeceu à equipa que o acompanhou ao longo dos mandatos, destacando particularmente João Simões, chefe de gabinete desde o início da sua carreira autárquica. “Foi um percurso de absoluta exclusividade e dedicação a tempo inteiro. Grato a todos os que ajudaram, eles sabem quem são, e, em especial, ao João Simões, pela lealdade, pela afabilidade e pela paciência com que escutou as pessoas e me aturou”.

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