Projecto de 300 milhões para criar uma nova zona industrial e 2 mil empregos em Benavente
O futuro industrial de Benavente começa a desenhar-se entre o Pinhal dos Calheiros e a Quinta da Foz. Um investimento privado de mais de 300 milhões de euros promete transformar a paisagem e criar dois mil postos de trabalho, numa operação urbanística que o presidente da câmara considera “estratégica e estruturante” para o desenvolvimento económico do concelho.
A derradeira reunião de câmara de Benavente antes das eleições autárquicas ficou marcada pela apresentação detalhada do projecto que vai redefinir o território através do Benavente Logistic Park e o loteamento industrial da Quinta da Foz, integrados nas Unidades Operativas de Planeamento e Gestão 2 e 3 (UOPG2 e UOPG3). O arquitecto Ricardo Espírito Santo, técnico da autarquia, descreveu o processo como “a fábrica do território”, expressão com que resumiu três anos de trabalho e planificação urbana que agora ganham corpo.
De acordo com o técnico, a zona industrial existente, onde já se encontra o Benavente Logistic Park, ocupa perto de 20 hectares, com dois pavilhões que, juntos, somam nove hectares de área coberta. Foi criada uma lagoa artificial para recolha e gestão das águas pluviais, ligada a uma linha de água natural que atravessa o terreno. Como contrapartida ambiental, o promotor cedeu 6,6 hectares de floresta mista ao município, área que já se encontra sob gestão municipal e onde têm decorrido acções de limpeza e prevenção de incêndios. Essa parcela será o embrião de um futuro parque verde urbano, integrado numa extensa zona de transição entre o espaço industrial e o eixo urbano Samora-Benavente.
Num segundo momento, o arquitecto apresentou o loteamento da Quinta da Foz, correspondente às fases 5 e 6 do plano industrial. A área total ronda 983 mil metros quadrados e foi alvo de avaliação de impacto ambiental, tendo obtido parecer favorável condicionado.
Uma nova frente industrial de grandes dimensões
A área privada do loteamento representa 64% do total e distribui-se por dez lotes, com 62,8 hectares de superfície. A área máxima de construção prevista ascende a 40,5 hectares, com altura máxima de 40 metros, apenas permitida em situações técnicas justificadas. Estão previstos 1.932 lugares de estacionamento para ligeiros e 738 para pesados, além de infraestruturas subterrâneas de saneamento, gás, água e electricidade, todas suportadas pelo promotor.
Os restantes 36% da área total serão cedidos ao domínio público e destinam-se à circulação viária, estacionamento público, percursos pedonais, ciclovias e zonas verdes de enquadramento. As áreas verdes ultrapassam 15.700 metros quadrados, e somando as parcelas destinadas a espaços de utilização colectiva, o conjunto representará cerca de 45 hectares de espaços verdes e de montado de sobro. O projecto integra também duas lagoas adicionais que recolherão as águas pluviais dos novos pavilhões industriais, funcionando em conjunto com o sistema existente.
Para compensar o abate de 158 sobreiros e azinheiras necessários à abertura de vias e arruamentos, está prevista a criação de 5,6 hectares de novo montado de sobro, mais do que duplicando a área afectada. As linhas eléctricas de média tensão, com cerca de sete quilómetros, serão enterradas, tal como todas as outras infraestruturas técnicas. Entre as novidades destaca-se também a criação de 2.000 metros de nova ciclovia e 1.700 metros da Rota das Lezírias, numa aposta em mobilidade suave e em lazer ambientalmente integrado.
O arquitecto explicou que a planificação urbana prevê uma ligação entre a rotunda da A10 e a Estrada do Monte da Saúde, criando um novo acesso à zona das Areias, área identificada como eixo de expansão natural de Benavente.
“Um investimento que coloca Benavente em posição de excelência”
Na segunda parte da apresentação, o presidente da câmara, Carlos Coutinho, que está prestes a cessar funções, sublinhou a importância económica e estratégica do investimento. “Estamos a falar de mais de 300 milhões de euros e de cerca de dois mil postos de trabalho. Este é um projecto que coloca o município numa situação de excelência na região”. O autarca explicou que a proposta só agora foi trazida a reunião de câmara por depender da publicação do novo Plano Director Municipal (PDM), adaptado ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). O PDM, recordou, “garante terrenos para habitação e para actividades económicas” e reflecte “um planeamento cuidado que posiciona Benavente como o município melhor preparado do Ribatejo”.
Carlos Coutinho sublinhou que a dimensão construtiva do novo parque logístico é superior à soma das zonas industriais de Vale Tripeiro e da Murteira. “Estamos a falar de cerca de 50 campos de futebol de área coberta”, disse, destacando que a operação “é fruto de estratégia e não de acaso”. O presidente fez questão de enquadrar o projecto na visão do eixo urbano Samora-Benavente, defendida há mais de vinte anos. “Entendemos sempre este território como um todo. A forma como aqui chegámos exigiu planeamento, concertação e uma visão partilhada”, afirmou.
O presidente destacou ainda a obrigação do promotor em investir cerca de seis milhões de euros nas infraestruturas externas ao loteamento, em colaboração com a câmara e as Águas do Ribatejo, assegurando a expansão das redes de abastecimento, saneamento e energia eléctrica. “Esses investimentos ficam a servir o nosso território”, explicou, adiantando que a nova linha de média tensão enterrada “permitirá também fornecer energia à zona de expansão de Benavente”.
A proposta foi aprovada por unanimidade. O executivo prevê que o processo de discussão pública e licenciamento esteja concluído em Novembro, altura em que o promotor poderá iniciar as obras de urbanização e infraestruturas.


