Trincão Marques rejeita acordo governativo e assume maioria dos pelouros em Torres Novas
Presidente da Câmara de Torres Novas disse não ao PSD que queria três vereadores a tempo inteiro no executivo. José Trincão Marques assume a maioria dos pelouros num executivo que enfrenta o risco de bloqueio.
No novo mandato, os três eleitos pelo Partido Socialista na Câmara de Torres Novas são os únicos que vão ter pelouros atribuídos, deixando de fora os três eleitos pela coligação AD - Tempo de Avançar (PSD/CDS) e o eleito pelo Chega, José Carola. Na primeira reunião do executivo, a 7 de Novembro, foi dada a conhecer a distribuição pelo presidente do município, José Trincão Marques, que vai assumir a maioria dos pelouros. São eles: Obras Públicas; Ordenamento do Território e Ambiente; Saúde; Cultura e Teatro Virgínia; Higiene e Saúde Pública; Administração e Finanças, Protecção Civil e Segurança; Comunicação e Imagem, Ligação às Freguesias; Programas Comunitários, Emprego e Potencialização Empresarial; Recursos Humanos; Turismo; Autoridade Médica e Veterinária; Cooperação Externa e Relações Institucionais; Toponímia e Arquivo Municipal.
A vereadora Elvira Sequeira, designada vice-presidente com funções a tempo inteiro, vai assumir os pelouros da Educação e Bibliotecas Municipais; Associativismo; Modernização Administrativa e Novas Tecnologias; Urbanismo e Obras Particulares; Habitação e Acção social; e Bem-Estar Animal. Por sua vez, ao vereador Francisco Dinis, que ficará a meio-tempo “provisoriamente”, foram atribuídos os pelouros do Desporto Juventude; Mercados e Feiras; Mobilidade e Transportes; Frota Automóvel; Startup e Cemitérios.
Distribuição não agrada à oposição
Para o PSD, que propôs um acordo de governação que foi rejeitado, “esta distribuição ignora a representatividade de outros partidos com assento na câmara municipal e concentra na pessoa do presidente as representações quase todas”, sendo contrária “ao espírito democrático e plural”, sobretudo num contexto eleitoral em que o PS obteve 34,6% dos votos e a coligação AD 34,2%. Resultados que, para o PSD, reflectem uma “divisão equilibrada da vontade dos torrejanos e exigem uma gestão mais aberta e partilhada que valorize a pluralidade e contributo de todos os eleitos”.
“Ao concentrar estas representações no presidente desprezamos a confiança de mais de um terço dos eleitores de Torres Novas, reduzindo o papel da oposição e empobrecendo o debate democrático”, sublinharam os sociais-democratas, defendendo que “uma boa governação local exige equilíbrio, transparência e inclusão”.
No mesmo sentido, o vereador do Chega, José Carola, disse que o “não à oposição foi claro”, com os pelouros a serem concentrados no partido que ganhou as eleições, mas que não foi maioritário. José Carola considerou ainda que o pelouro do Urbanismo, um dos “mais importantes” e “complexos”, tenha sido atribuído por “défice” à vereadora Elvira que, disse, não tem formação nessa área.
Em resposta, José Trincão Marques afirmou que o executivo é uma “equipa” que se ajuda entre si. “Esta competência de distribuição de pelouros é do presidente da câmara e eu também não posso ficar com tudo, isto tem de ser distribuído. E o Urbanismo é um sector que estamos a acompanhar muito de perto. Se alguma coisa correr mal a responsabilidade também é minha”, rematou.
Rejeitado acordo de governação com o PSD
Depois de ter vencido as eleições com uma diferença pouco significativa de 83 votos e de ter tomado posse, José Trincão Marques disse a O MIRANTE ter tomado a iniciativa de reunir com os cabeças-de-lista do Chega, José Carola, e do PSD, Tiago Ferreira. Deste último recebeu uma proposta para acordo de governação que exigia a atribuição de pelouros aos três vereadores eleitos - os mesmos que o PS - e que estes deveriam ficar em funções a tempo inteiro. Uma proposta que deixou Trincão Marques “surpreendido”, dizendo não fazer qualquer sentido para uma câmara municipal com a dimensão de Torres Novas.
Confirmando que não apresentou qualquer contraproposta, o autarca socialista enfrenta assim o constante risco de bloqueio, uma vez que vai governar sem maioria. “O mesmo se passa em Coimbra e em tantos outros sítios que estão a ser geridos assim. Temos de ter bom senso, calma e boa fé. Nada impede que haja ajustes, mas para já não”, disse ao nosso jornal, sublinhando que está disponível para receber propostas e chegar a consensos com os representantes das restantes forças políticas com assento no executivo sempre que se justifique.


