Política | 23-11-2025 12:00

Modelo do novo evento natalício “Lezíria Encantada” divide autarcas de Benavente e gera críticas

Modelo do novo evento natalício “Lezíria Encantada” divide autarcas de Benavente e gera críticas
O vice-presidente Paulo Abreu e a presidente da autarquia Sónia Ferreira - foto O MIRANTE

A decisão da Câmara de Benavente de concentrar o Mercado de Natal deste ano apenas na sede de concelho não foi consensual no executivo municipal e motivou críticas de uma associação de Samora Correia.

A presidente da Câmara de Benavente, Sónia Ferreira (AD), justifica que a decisão de realizar o Mercado de Natal este ano apenas em Benavente resulta de um “acto de responsabilidade”, não constituindo “uma afronta a ninguém” e tem por base uma mudança de modelo que pretende criar “um único evento, maior, com mais condições e mais retorno económico” para o concelho.
Na reunião de câmara de 17 de Novembro, que levou muito público ao salão nobre dos Paços do Concelho, a autarca afirmou que a opção por centralizar o evento este ano está ligada à logística, ao curto prazo para a sua preparação e à falta de condições físicas em Samora Correia. “Não havia espaço adequado na Praça da República e a zona ribeirinha não oferece garantias nesta altura do ano. Haverá mais atracções e, simplesmente, não cabiam em Samora Correia”, disse, defendendo que o local escolhido em Benavente proporciona “melhores condições para famílias e crianças”.
A presidente sublinhou ainda que esta é uma solução transitória e que o novo modelo, baptizado “Lezíria Encantada”, prevê alternância anual. “O Natal de 2026 será em Samora Correia. Não pensamos o concelho dividido em partes. Somos quatro freguesias, mas um só concelho”, reforçou a autarca que tomou posse no dia 3 de Novembro.
O novo formato do Mercado de Natal, que tem este ano uma espécie de ano zero, terá mais carrosséis e uma duração de onze dias em vez dos anteriores dois fins-de-semana. O município garante que irá proporcionar transporte a todas as crianças do pré-escolar ao 1.º ciclo e que haverá igualmente mais espaço para artesãos e comerciantes.

Oposição critica recuo territorial e falta de diálogo
A decisão, porém, esteve longe de obter consenso com alguns dos vereadores da oposição a pedir um passo atrás na decisão. O vereador Pedro Gameiro (PS) alertou para “expectativas criadas na população” e questionou a lógica económica, argumentando como é que se gasta menos, se há mais dias de evento e se fala em mais qualidade”, além de considerar que o modelo concentra a oferta natalícia num só ponto do território, prejudicando famílias que não se podem deslocar facilmente.
O vereador Frederico Antunes (Chega) pediu mesmo a reversão da decisão, criticando que o discurso dos custos não serve. “Voltar atrás seria ético e moral. As pessoas ficariam satisfeitas”, afirmou, defendendo que a Junta de Samora Correia será obrigada a assegurar animação própria, o que implicará “mais custos para o erário público”.
Já Paulo Cardoso (Chega) referiu que, apesar de a localização ser “uma decisão política da presidente”, teria sido desejável uma solução transitória “para se realizar o mercado nas duas freguesias este ano” e apenas em 2026 aplicar o novo modelo. Manifestou também preocupação com a segurança no Parque 25 de Abril, pedindo “atenção redobrada da GNR”.
Os vereadores da CDU dividiram a sua intervenção entre reservas e concordância de princípio. Catarina Vale (CDU) considerou que a alteração do formato visa a “valorização e qualificação de um evento marcante para o concelho, não para uma freguesia”, e lembrou que o anterior executivo deixara “tudo preparado” para que o novo governo municipal decidisse entre um modelo único ou desdobrado. Hélio Justino (CDU) afirmou aceitar a alternância entre Benavente e Samora Correia numa perspectiva de se fazer “melhor”, mas advertiu que a utilização dos divertimentos pode tornar-se “mais demorada”, o que pode “beliscar” o evento. Outro aspecto inerente ao facto de o evento ter outra dimensão é a necessidade de garantir condições de segurança.

Associação de Samora Correia contesta decisão

A polémica intensificou-se após a divulgação de uma carta aberta da Associação Social Amigos de Samora Correia (ASASC), que lamenta a suspensão do Mercadinho local e afirma que a decisão “quebrou expectativas e compromissos” com artesãos, instituições e famílias, recordando que a iniciativa integrou o plano de actividades aprovado para 2025.
A associação realça que Samora Correia tem “cerca de 18 mil habitantes, o dobro de Benavente”, e que contribui com “65% das receitas municipais”, argumentando ser injustificado “retirar à comunidade a oportunidade de viver o Natal no coração da sua cidade”. Segundo a ASASC, o Mercadinho registou no último ano mais de cinco mil visitantes e gerou apoios sociais, como brinquedos e cabazes de Natal, que eram distribuídos pela associação.

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