Política | 09-12-2025 18:00

Eleitos do Chega em Salvaterra de Magos e no Entroncamento batem com a porta e não poupam nas críticas

Eleitos do Chega em Salvaterra de Magos e no Entroncamento batem com a porta e não poupam nas críticas
David Borges e Isilda Marques

A primeira reunião da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos ficou marcada pela renúncia de David Borges, um dos três eleitos do Chega nesse órgão autárquico, que acusou a estrutura local do partido de impedir posições divergentes. Isilda Marques, eleita do Chega da Assembleia Municipal do Entroncamento, também renunciou ao mandato alegando “falta de ética” da própria bancada.

O novo mandato autárquico ainda está a dar os primeiros passos e já se começaram a verificar dissidências de eleitos do Chega em alguns pontos da região, à semelhança do que aconteceu no anterior mandato (2021-2025). A primeira reunião da Assembleia Municipal de Salvaterra de Magos, que se realizou a 24 de Novembro, ficou marcada pela intervenção de David Borges, eleito pelo Chega, que anunciou a intenção de renunciar ao mandato por “graves divergências” com a concelhia do partido e por discordar da posição assumida pela bancada relativamente ao Regulamento Municipal de Apoio ao Associativismo Local.
O eleito, que se inscreveu para comentar o ponto da ordem de trabalhos, relativo à alteração ao Regulamento Municipal de Apoio ao Associativismo Local, sublinhou que, ao contrário dos restantes colegas de partido, é um defensor do movimento associativo, considerando-o “essencial para a comunidade” e “a maior ligação entre o poder local e a população”. Adiantou que as alterações propostas ao regulamento, discutidas na reunião, respondem a preocupações de rigor, transparência e responsabilidade financeira que considera fundamentais.
“Votarei favoravelmente as alterações propostas, embora não concorde com todo o seu conteúdo. Ainda assim, a transparência e o rigor justificam o meu voto”, declarou, frisando que a atitude crítica não foi bem recebida pela estrutura local do Chega. “Infelizmente, cheguei à conclusão que dentro do partido Chega de Salvaterra de Magos, a única voz que impera é a voz do vereador eleito e quem discordar desta é excomungado”, afirmou. David Borges acrescentou que não concorda com a abstenção ou voto contra num assunto que considera “tão relevante para a comunidade”, reforçando que manter-se no cargo como independente não seria coerente com os seus princípios.
Samuel Germano, vereador do Chega na Câmara de Salvaterra de Magos e coordenador da comissão política concelhia, confirmou a O MIRANTE que o partido já previa que a situação pudesse evoluir para uma ruptura. “Era uma pessoa sobre a qual já havia algumas questões levantadas na altura das eleições. Tínhamos esperança que a situação melhorasse, mas o desfecho foi aquele que se viu”, afirmou, acrescentando que a saída é encarada com naturalidade. “Mais vale não estar, do que estar e não representar efectivamente o partido. Só é pena ter feito aquela intervenção desadequada”, afirmou, sublinhando que, na sua leitura, a posição de David Borges é isolada. “Se temos 99 pessoas a dizer bem e uma contra, se calhar essa é que está mal”, concluiu.

Eleita do Chega no Entroncamento fala de falta de ética
No Entroncamento, a cabeça de lista do Chega à assembleia municipal nas últimas autárquicas, Isilda Marques, também renunciou ao mandato em rota de colisão com elementos da sua lista. Pouco mais de um mês após tomar posse, abandonou o cargo alegando motivos éticos relacionados com o comportamento de membros da sua própria bancada.
A saída de Isilda Marques levou à entrada da eleita Inês Almeida, que tomou posse durante a sessão de 29 de Novembro, tendo a 1ª secretária da mesa, Lúcia Abelha, lido o termo de renúncia de Isilda Marques, datado de 22 de Novembro. Nele a deputada explica que abandona o cargo devido a “falta de ética praticada por deputados da bancada da assembleia municipal do partido Chega na passada semana”, afirmando não se identificar “moralmente” com essas práticas. No documento, Isilda Marques sublinha que a representação política exige “honra, honestidade e compromisso diário”, razão pela qual decidiu afastar-se “em defesa do meu bom nome”.
Antes de iniciar a ordem de trabalhos, o presidente da assembleia, Sérgio Belejo, anunciou outras substituições, uma também motivada por renúncia de mandato do eleito do CDS, Luís Costa, que não declarou o motivo da renúncia, tendo sido substituído por Andreia Dias.

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