Menos nove milhões de euros para investir em Alcanena e orçamento dependente de fundos comunitários
Orçamento da Câmara Municipal de Alcanena desce para 57,1 milhões de euros em 2026. A prioridade continua a ser a área da habitação.
O município de Alcanena aprovou um orçamento de 57,1 milhões de euros para 2026, menos nove milhões face a 2025, com mais de metade do investimento concentrado na habitação e com um forte recurso a fundos comunitários. O Orçamento e as Grandes Opções do Plano (GOP) para 2026 foram aprovados por maioria em reunião do executivo municipal, com os votos favoráveis dos quatro eleitos da coligação PSD/CDS/MPT e a abstenção dos três vereadores do PS.
O orçamento assenta maioritariamente em financiamento comunitário, que representa 62% da receita total, num montante superior a 35,4 milhões. As transferências do Orçamento do Estado, incluindo o Fundo de Equilíbrio Financeiro, o Fundo Social Municipal e a participação variável no Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS), correspondem a cerca de 19% da receita, enquanto os fundos municipais próprios representam 10,7%. Do lado da despesa, o orçamento contempla 15,4 milhões em despesas correntes, 41,1 milhões em despesas de capital e cerca de 466 mil euros em despesas não efectivas. O Plano Plurianual de Investimentos prevê uma execução de 44,9 milhões em 2026 com financiamento assegurado. A habitação concentra 24 milhões, o equivalente a 53% do investimento total previsto para 2026.
O segundo maior programa de investimento é o do ordenamento do território, com 7,37 milhões (16% do total), em que se destaca o Parque Empresarial de Alcanena (cerca de 4,9 milhões). O ensino não superior surge como a terceira prioridade de investimento, com 5,24 milhões, destacando-se a requalificação da Escola Secundária de Alcanena. Estão ainda previstas intervenções em equipamentos de apoio à infância, nomeadamente a construção da creche de Monsanto e da creche de Bugalhos. Planeia-se também a reabilitação dos centros de saúde de Alcanena e Minde, enquanto na cultura se destacam a Fábrica da Cultura de Minde e intervenções no Cine-Teatro São Pedro. Outros investimentos relevantes incluem o Projecto Couros (regeneração urbana da zona baixa da vila) e a eficiência energética das piscinas municipais.
O vereador do PS, por sua vez, justificou a posição do partido com reservas quanto à exequibilidade do orçamento. Segundo o eleito, o documento “apresenta uma estratégia ambiciosa, mas excessivamente dependente de fundos comunitários e de uma capacidade de execução que o município tem tido dificuldades em garantir”. Samuel Frazão acrescentou que o PS optou pela abstenção por reconhecer “o mérito de alguns investimentos estruturantes”, mas alertou para o risco de “acumulação de obras e atrasos na sua concretização”.


