A ministra da Agricultura Maria do Céu Antunes anunciou na quarta-feira, 8 de Junho, que a Comunidade Intermunicipal da Lezíria (CIMLT) e a Câmara de Santarém vão ser os “motores” da requalificação da antiga Estação Zootécnica Nacional, na Quinta Fonte Boa, no Vale de Santarém, sem previamente dar conta dessa intenção aos autarcas, com quem tinha estado quatro dias antes.

Tanto o presidente da associação de municípios, Pedro Ribeiro, como o líder da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, não tiveram conhecimento dessa decisão nem dos termos do protocolo que a ministra disse que iria ser assinado “em breve” com a CIMLT e com o município escalabitano “para serem os motores da requalificação física daquele espaço”. O objectivo é criar na Fonte Boa um Centro de Excelência para a Agricultura e Agro-Indústria.

Maria do Céu Antunes disse no dia 8 de Junho, na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, que a Estação Zootécnica Nacional vai ser requalificada com recurso a fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), anunciando que a reabilitação física do espaço será liderada pela Comunidade Intermunicipal e pela Câmara de Santarém. Sem adiantar verbas, a governante afirmou que, “em breve”, será assinado um protocolo com a CIMLT e com a Câmara de Santarém “para serem os motores da requalificação física daquele espaço”.

Quatro dias antes, na inauguração da Feira Nacional de Agricultura, Maria do Céu Antunes esteve a conversar informalmente com os autarcas envolvidos mas não clarificou as suas intenções. Questionada nessa ocasião por O MIRANTE, a ministra também foi evasiva, limitando-se a dizer que estava a trabalhar no sentido de criar condições para envolver todos os parceiros e comunidade em torno do projecto, contando ter o “novo modelo fechado” até final de Junho e apresentá-lo publicamente.

Recorde-se que, no final de Março, os presidentes da CIMLT e da Câmara de Santarém denunciaram a perda de 5,2 milhões de euros de fundos comunitários que haviam sido aprovados para o Centro de Excelência para a Agricultura e a Agro-Indústria, a criar na Estação Zootécnica Nacional. Os autarcas atribuíram a responsabilidade ao INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, entidade que coordenava o processo e que é tutelada pelo Ministério da Agricultura

Na sequência desse fracasso e consequente perda dos milhões de financiamento europeu, os autarcas acusaram o INIAV de incompetência e lançaram o repto à ministra de serem eles a liderar o processo, que voltou praticamente à estaca zero. Agora, a ministra parece estar disposta a fazer-lhes a vontade.

Recorde-se que o protocolo com vista à criação dessa unidade de investigação foi celebrado em Abril de 2015 e desde aí pouco se viu. Só em Março deste ano é que os autarcas se aperceberam que o financiamento europeu estava em risco, devido à ausência de obras no terreno, motivada em parte pelos concursos desertos para intervenções na Fonte Boa. 

O Centro de Excelência para a Agricultura e Agro-Indústria tem como entidades promotoras o INIAV, a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, a Câmara de Santarém, o Agrocluster, o Politécnico de Santarém e as Universidades de Évora e de Lisboa.

Notícia mais desenvolvida na próxima edição semanal de O MIRANTE.