Ministra da agricultura usa declaração da CAP contra PS na campanha eleitoral para responder a críticas
Maria do Céu Antunes é criticada por, na resposta sobre falta de apoios devido à seca, ter dito que era melhor perguntar à CAP porque é que, em Janeiro, aconselhou eleitores a não votarem PS.
O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, acusou o Governo de tiques de autoritarismo e de desrespeito pelas instituições, aludindo ao que considera uma reacção “descabelada” da ministra da Agricultura em relação à Confederação dos Agricultores Portugueses.
“A reacção da ministra da Agricultura [Maria do Céu Antunes] em relação à CAP é uma reacção descabelada e que demonstra, mais uma vez, um total desrespeito por parte do Governo relativamente a instituições”, disse à agência Lusa o secretário-geral do PSD, Hugo Soares. A posição daquele político, tomada ontem, é a última de várias sobre o mesmo assunto
Confrontada com as críticas da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) sobre a inexistente resposta do Governo para mitigar o impacto da seca no sector da produção e da alimentação animal, Maria do Céu Antunes respondeu, na quarta-feira em Portimão, durante uma viisita a uma produção de citrinos: “É melhor perguntar porque é que, durante a campanha eleitoral, a própria CAP aconselhou os eleitores a não votar no Partido Socialista”.
A CAP reagiu em comunicado e fala em “bullying” político “A ministra não paga aos agricultores e adia decisões, por retaliação política à CAP?”, questiona,, aquela organização.
E o secretário-geral, Luís Mira, sublinha, em declarações ao Público: “Não somos ingénuos, é uma resposta que a ministra tinha pensada, apesar das eleições terem sido há mais de seis meses. (..) O problema é outro. Estamos em seca desde Outubro de 2021 e até hoje nenhum agricultor português recebeu um único euro de ajuda específica para a seca ou para a guerra na Ucrânia”.
Também a Iniciativa Liberal quer explicações da ministra sobre aquelas declarações em sede parlamentar, pelo que já entregou um requerimento pedindo a sua “audição urgente”.
“Uma resposta com este teor é francamente inaceitável, dando a entender que a gestão do Ministério e as políticas definidas, as quais impactam de forma decisiva o sector e os produtores, são decididas, em função dos estados de alma da responsável pela pasta e que estes dependem do apoio que as suas associações representativas testemunham, ou não, ao Partido Socialista”, diz a IL em comunicado.
Recorde-se que a posição do secretário-geral da CAP, na campanha eleitoral de Janeiro teve como pano de fundo o facto de António Costa ter admitido que o parceiro de coligação do PS era o PAN. “Para nós, inaceitável porque o PAN tem um programa eleitoral anti-agricultura e anti-mundo rural e nós não podemos aceitar isso”, declarou na altura ao Público, Luís Mira.