Vive numa casa sem condições em Castanheira do Ribatejo









Sem água canalizada, com parte do tecto a cair e sanitários improvisados, Elisa Esteves vive sozinha numa habitação que não reúne as mínimas condições de habitabilidade. A situação arrasta-se desde que se separou do ex-companheiro por ser vítima de violência doméstica.
Numa rua sem saída junto à Estrada Nacional 10, em Castanheira do Ribatejo, Elisa Esteves, de 57 anos, vive sozinha numa casa sem as mínimas condições de higiene e habitabilidade. Não tem água canalizada, o tecto da cozinha está a ceder, as paredes estão cobertas de humidade e em dias de mau tempo chove quase tanto lá dentro como na rua. A situação em que vive está a preocupar a família e a vizinhança, mas com o ordenado mínimo a mulher, que trabalha numa fábrica do sector automóvel, diz não encontrar uma habitação com melhores condições que consiga pagar.
“As casas estão muito caras e ainda pedem dois ou três meses de renda adiantada, não tenho dinheiro para isso, então vivo assim com tudo podre e com água a escorrer-me pelas paredes. Na semana passada choveu tanto que tive que andar a tirar baldes de água daqui de dentro”, prossegue ao mesmo tempo que limpa as gotas de água na parede do quarto onde os ratos lhe fazem companhia, “metidos dentro do armário da roupa” que não tem portas. Para tomar banho e tentar ter algum conforto Elisa Esteves passa algumas horas em casa de familiares mas, como diz, gosta de ter a sua privacidade sujeitando-se por isso ao frio, à humidade e falta de condições da pequena habitação. “Não quero dar trabalho, têm as suas vidas”, justifica.
Enquanto explica como lava a loiça com garrafões de água na parte exterior da casa, Elisa Esteves conta a O MIRANTE que ficou a viver nestas condições depois de sair da casa onde vivia com o ex-companheiro que a agredia. “A Câmara de Vila Franca de Xira chegou a atribuir-me uma casa, mas mandaram-me esperar e até hoje nada”, afirma cabisbaixa, acrescentando que além de ser diabética e hipertensa sofre de angina, uma síndrome que lhe causa fortes dores no peito quando o músculo cardíaco não recebe oxigénio suficiente.
As explicações do município
A Câmara de Vila Franca de Xira, contactada por O MIRANTE, refere que conhece e acompanha a situação social de Elisa Esteves, através do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social Integrado e que no concurso para atribuição de habitação social de 2020 a munícipe ficou classificada como suplente. “Durante a vigência do referido concurso não foi possível proceder ao realojamento desta e de outras famílias, tendo as habitações disponíveis sido atribuídas em conformidade com a lista de classificação”, explica a autarquia, sublinhando que “não existe qualquer situação de atraso ou incumprimento por parte dos serviços municipais e que as situações de violência doméstica não se constituíram como um critério na apreciação de candidaturas ao concurso de habitação social. A curto prazo, informa ainda o município, não está previsto o lançamento de um novo concurso de atribuição de habitação municipal em regime de arrendamento apoiado.