Saúde | 10-09-2005 12:02

Só há oftalmologistas em horário de expediente

À noite e ao fim-de-semana não há urgência oftalmológica nos hospitais da região. Nessas alturas os doentes são encaminhados para Lisboa, mas mesmo durante a semana o serviço não é garantido a cem por cento.A escassez de oftalmologista, 13 no total, e a idade de muitos desses especialistas que tratam da visão impede uma escala de urgências às noites e aos fins-de-semana. Esta é a realidade do Centro Hospitalar do Médio Tejo e também do Hospital Distrital de Santarém. Em Vila Franca de Xira não há urgência oftalmológica.Com seis oftalmologistas no quadro distribuídos pelos três hospitais, o conselho de administração do CHMT, juntamente com a directora clínica Natália Rodrigues e o director do serviço de oftalmologia Francisco Cruz, estudam a hipótese de garantir um serviço de urgência durante o dia de segunda a sexta. A hipótese de assegurar a urgência no período da noite e dos fins de semana não está para já em cima da mesa.“Essa hipótese terá de ser articulada com o Hospital de Santarém e Santa Maria, em Lisboa”, esclareceu o director do conselho de administração do CHMT, Silvino Alcaravela, acrescentando que a melhoria dos serviços a prestar não deve ser feita a “qualquer custo”, mas sim a “custos sociais comportáveis”.A situação de não haver urgência oftalmológica não é nova. Segundo Silvino Alcaravela “nunca houve” este tipo de serviço no Centro Hospitalar, nem mesmo quando os três hospitais – Abrantes, Tomar e Torres Novas - funcionavam separadamente. Por outro lado, também a urgência durante o dia de segunda a sexta é mais um atendimento do que uma urgência. À falta de clínicos junta-se a idade dos especialistas. No hospital de Santarém dos sete oftalmologistas três têm mais de 55 anos – idade limite a partir da qual os médicos não são obrigados a fazer urgência. “Não conseguimos sequer garantir a urgência os cinco dias por semana, de segunda a sexta, até às 20h00”, diz o director clínico desta unidade de saúde, Ribeiro de Carvalho.Tal como no CHMT, os casos urgentes de oftalmologia que recorrem ao Hospital de Santarém durante a noite ou ao fim de semana são encaminhados para o hospital de Santa Maria. Em qualquer das unidades, o número de casos verdadeiramente urgentes são em número reduzido.“Em Santarém temos o máximo de 15 doentes de oftalmologia, mas a grande maioria não pode ser considerado uma emergência”, continua Ribeiro de Carvalho, acrescentando que quando o caso é de facto urgente a solução é encaminhar o doente para Santa Maria.A articulação entre as diversas unidades hospitalares é uma hipótese igualmente defendida por Ribeiro de Carvalho, mas é necessário haver clínicos disponíveis. Para tal Fernando Afoito, coordenador da Sub-Região de Saúde de Santarém, acredita que as vagas protocolares podem facilitar o recrutamento de novos clínicos para os hospitais da região.A modalidade que abrange todas as especialidades consiste na assinatura de um protocolo entre o hospital que pretende alargar o quadro de pessoal e os que fazem a formação de novos especialistas. Após a formação esses clínicos são integrados no hospital carenciado.A situação que se vive na região, ao nível oftalmológico, motivou a apresentação de um requerimento ao ministro da Saúde por parte do Bloco de Esquerda. Os bloquistas requerem que o ministro explique “quais as medidas que irão ser postas em prática para que os utentes em causa tenham à sua disposição consultas oftalmológicas durante 24 horas nos sete dias da semana, sem terem de deslocar-se a Lisboa, e qual o tempo considerado necessário para as implantar”.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1713
    23-04-2025
    Capa Vale Tejo