Glaucoma pseudoexfoliativo
Eduardo Lopes - Médico Oftalmologista, Director Clínico da Climeco, Almeirim e Santarém
O glaucoma pseudoexfoliativo é um tipo de glaucoma secundário de ângulo aberto que surge como consequência de uma patologia conhecida como síndrome de pseudoexfoliación, uma doença relacionada com a idade e com uma importante componente genética que se manifesta na produção e acumulação progressiva de material extracelular (proteína fibrilar) nos diferentes tecidos e estruturas oculares como a íris, a cápsula anterior do cristalino ou no ângulo iridocorneano, uma das vias de saída do humor aquoso.
Este depósito de material no ângulo iridocorneano dificulta a drenagem do humor aquoso, um líquido transparente que, em circunstâncias normais, se produz e se reabsorve de maneira equilibrada. Se a reabsorção deste líquido é difícil ou impossível produz-se um aumento da pressão intraocular (PIO) que pode associar-se a importantes lesões das fibras do nervo óptico e a defeitos do campo visual.
Neste tipo de glaucoma são habituais picos de hipertensão intraocular, no lugar de se manifestar uma pressão muito elevada mas estável, isto gera consequências para o nervo óptico (perda de nitidez na zona periférica e em fases mais avançadas visão tubular).
A sua prevalência é de 10 por cento em população acima dos 60 anos.
Factores de risco: Idade superior a 40 anos.
Etnia: é mais frequente em países nórdicos, especialmente na população escandinava. Características oculares: miopia; pressão intraocular elevada, doenças gerais como hipertensão, diabetes e outras doenças cardiovasculares.
Antecedentes familiares de glaucoma.
Factores genéticos de predisposição.
O processo de pseudoexfoliação costuma começar a partir dos 40 anos, podendo passar muito tempo até o desenvolvimento do glaucoma e o início dos sintomas. Por isso, a identificação dos factores de risco, e entre eles, os factores genéticos de predisposição, é de grande importância na hora de minimizar o risco e a detecção precoce.
Tratamento
O tratamento imediato para o glaucoma de ângulo aberto num estágio inicial pode atrasar a progressão da doença. É por isso que o diagnóstico precoce é muito importante.
Os tratamentos do glaucoma incluem medicamentos, trabeculoplastia a laser, cirurgia convencional ou uma combinação destes. Embora estes tratamentos possam salvar a visão remanescente, eles não melhoram visão já perdida pelo glaucoma.
A trabeculoplastia a laser ajuda a drenagem do fluído para fora do olho. O seu médico pode sugerir esta opção em qualquer altura. Em muitos casos, pode continuar a precisar de tomar medicamentos contra o glaucoma após este procedimento.
A trabeculoplastia a laser é realizada no consultório médico ou numa clínica oftalmológica. Antes da cirurgia, gotas anestésicas são aplicadas no olho. O paciente senta-se de frente para a máquina de laser e o médico aplica uma lente especial junto ao olho. Um feixe de luz de alta intensidade é direcionado através da lente e refletido na malha dentro do olho. O paciênte pode ver flashes de luz verde ou vermelho brilhante. O laser faz várias queimaduras uniformemente espaçadas que alargam os poros de drenagem na malha ocular. Isso permite que o fluído drene melhor.
Como qualquer cirurgia, a cirurgia a laser pode causar efeitos secundários, tal como inflamação. O seu médico pode dar-lhe algumas gotas para levar para casa para qualquer dor ou inflamação que possa sentir dentro do olho. Irá ser necessário fazer várias visitas de acompanhamento para ter a pressão ocular e o olho monitorizados.
Se tiver glaucoma em ambos os olhos, normalmente apenas será tratado um olho de cada vez. Tratamentos a laser para cada um dos olhos serão agendados com vários dias a semanas de intervalo.
Estudos mostram que a cirurgia a laser pode ser muito boa para reduzir a pressão em alguns pacientes. No entanto, os seus efeitos podem desaparecer ao longo do tempo. O seu médico pode sugerir tratamento adicional.