Enfermeiros do Hospital de Santarém exigem correcções na contagem de pontos para progressão
Enfermeiros exigem ser recebidos pela administração para resolver a forma como a instituição está a aplicar a legislação que prevê a atribuição de pontos para progressão na carreira.
Os enfermeiros do Hospital Distrital de Santarém (HDS) marcaram uma greve para esta segunda-feira, 20 de Março, exigindo ser recebidos pela administração para resolver a forma como a instituição está a aplicar a legislação que prevê a atribuição de pontos para progressão na carreira.
Helena Jorge, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), foi uma das enfermeiras do HDS que se concentrou à entrada do hospital para demonstrar o descontentamento destes profissionais de saúde com a ausência de resposta da administração a um pedido de reunião feito em Dezembro de 2022 e reiterado em Janeiro de 2023.
Segundo o sindicato, o HDS foi o único hospital no país que não se reuniu com os enfermeiros, na sequência do pedido para “esclarecimento de dúvidas” relativas à aplicação do Decreto-Lei 80-B, de 28 de Novembro de 2022. “Este conselho de administração achou que não tinha dúvidas nenhumas”, disse Helena Jorge, lamentando que a presidente da administração do HDS, Ana Infante, “não dê muita importância aos enfermeiros”.
Helena Jorge afirmou que o processo de contabilização dos pontos para valorização e progressão salarial “está demoradíssimo” e “não está a ser feito de forma correcta”, pelo que seria “importante” a realização da reunião “para contornar algumas coisas”.
Salientando que o SEP tem, “normalmente, uma postura construtiva e não destrutiva”, Helena Jorge reiterou o descontentamento por a administração “não querer ouvir a opinião” daquele que é “o maior grupo profissional” do HDS. “Alguma coisa está mal na instituição e nós queremos que seja corrigida”, declarou.
Bruno Henriques disse à Lusa que começou a exercer a profissão em 2003 no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, mas o HDS apenas contabilizou como tempo de serviço os anos a partir da sua colocação na instituição, em 2007. “Ignoraram completamente os anos que tinha para trás, embora já tivessem no meu currículo essa ressalva, de que comecei em 2003. Até ao dia de hoje, continuam a ignorar a contagem correcta dos pontos”, relatou.
O enfermeiro afirmou que deveria ter progredido duas posições, tendo apenas subido uma, estando a ser “penalizado mensalmente do ponto de vista financeiro”. “De 20 em 20 dias mando um email e nunca tive qualquer tipo de resposta. No último email pedi uma resposta formal, que não deram. Continuo à espera”, acrescentou.
Helena Jorge acrescentou à insatisfação dos enfermeiros o facto de, afirmou, as enfermeiras em gozo de licença de maternidade não estarem a ser substituídas, sobrecarregando os outros profissionais de enfermagem. Para a sindicalista, a administração do HDS devia “reflectir” por que razão “o absentismo é cada vez maior” nesta unidade de saúde. “Vimos de uma pandemia, ainda não conseguimos recuperar”, e, “qualquer dia, o volume de trabalho está como na pandemia”, acrescentou.
A Lusa questionou a administração do HDS, aguardando resposta.