Saúde | 06-05-2025 11:26
Dia Mundial da Asma: Sete em cada 10 doentes não têm a doença controlada

Fátima Ribeiro foi diagnosticada aos 33 anos
Fátima Ribeiro achava que era apenas alguém que se cansava com mais facilidade até ter a primeira crise aguda aos 33 anos. É uma das 600 mil pessoas com asma em Portugal que vive uma vida sem grandes limitações desde que começou a ter a doença controlada. Esta terça-feira, 6 de Maio, assinala-se o Dia Mundial da Asma.
Estava sentada no sofá a fazer malas de trapilho quando, aos 33 anos, Fátima Ribeiro teve a primeira crise de falta de ar. Veio o pânico natural de quem não sabe o que lhe está a acontecer e o pedido de ajuda que a levou ao hospital, onde foi medicada e de onde saiu com um diagnóstico: asma moderada. “Ao que parece, a doença sempre esteve cá mas nunca tinha sido diagnosticada. Cansava-me mais mas nunca tinha tido, até essa idade, verdadeiramente falta de ar”, começa por contar a O MIRANTE numa conversa a propósito do Dia Mundial da Asma que se assinala a 6 de Maio.
Passar por uma crise é, descreve, “como se alguém nos tapasse a boca com a mão e o ar não conseguisse entrar nem sair. Simplesmente não circula. Ficamos em aflição”. É por isso importante, destaca, não entrar em pânico. “Nas minhas crises consigo controlar a parte psicológica e isso é fundamental”, reitera, considerando que “um dos grandes problemas dos asmáticos é perderem a calma. “Quanto mais entramos em pânico mais falta de ar temos. Aprendi isso e tive de trabalhar essa parte”. Ajudou-a o facto de o avô e uma prima também sofrerem da doença e ter aprendido com ele sobre o que fazer e não fazer durante uma crise. “Acho que isso me ajudou quando chegou a minha vez”, conta consultora imobiliária residente em Samora Correia.
De acordo com um estudo recente, estima-se que 600 mil adultos em Portugal sofram de asma e que sete em cada 10 doentes não tem a doença controlada. Um fraco controlo dos sintomas da asma está associado a um aumento do risco de agudizações e a percepção da gravidade dos sintomas pode variar de doente para doente, refere a Recordati, grupo internacional farmacêutico, sublinhando que a “adesão à terapêutica e a técnica inalatória correcta são factores que influenciam o sucesso do tratamento da asma, contudo, estudos demonstram que 50% dos doentes não utilizam o seu inalador de forma correcta.
Neste sentido, defende o grupo internacional, emerge a necessidade de orientar o tratamento para o doente e não para a doença com uma abordagem cada vez mais personalizada e um acompanhamento mais próximo e regular dos profissionais de saúde.
A directora médica da Jaba Recordati, Thordis Berger, sublinha que com uma “elevada prevalência, sub-diagnosticada e mal controlada, a asma ainda pode ser causa de morte. O controlo eficaz da asma é fundamental para prevenir exacerbações e melhorar a qualidade de vida dos doentes. O mais preocupante é a taxa de mau controlo da doença pela má adesão ao tratamento. A baixa literacia da população em saúde respiratória é um obstáculo significativo. Muitas pessoas tratam a doença apenas quando têm sintomas, resultando em mau controlo da asma e aumentando o risco de complicações. Ter a asma controlada significa ter uma melhor qualidade de vida com menos limitações, podendo praticar exercício físico ou desporto, por exemplo”.
Embora faça medicação diária, a asma de Fátima Ribeiro não lhe permite entrar em esforço físico. “Tentei várias vezes fazer ginásio. Levava a bomba de SOS no bolso, mas a probabilidade de acontecer uma crise era muito grande. Então parei, mas faço caminhadas”.
Para Fátima Ribeiro, 53 anos, esquecer-se da bomba não é, ou melhor, não pode ser opção. “Ando sempre com uma bomba em cada carro, em cada mala e outra na mesa de cabeceira. Não corro sequer esse risco”, diz, sublinhando o quão essencial é ter a doença controlada fazendo para isso os exames médicos necessários de cinco em cinco anos e os testes às alergias- no seu caso à humidade, ao pó e pólen- que lhe pioram a doença e podem mudar.
A Global Initiative for Asthma (GINA), da Organização Mundial da Saúde (OMS), escolheu para o Dia Mundial da Asma de 2025 o tema “Tornar os tratamentos por inalação acessíveis a todos”, enfatizando a necessidade urgente de garantir que todos os que vivem com asma têm acesso aos medicamentos inalados essenciais para o controlo da doença.
A asma é, por definição, uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que quando não controlada influencia negativamente a qualidade de vida dos doentes. Caracterizada pela sua heterogeneidade, os seus sintomas variam em intensidade e frequência ao longo do tempo.
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