Utentes do Estuário do Tejo denunciam agravamento da saúde um ano após promessas do Governo

Um ano depois da promessa do Governo de melhorias na saúde no Estuário do Tejo, utentes denunciam o agravamento da situação e apelam à mobilização da população. Falta de médicos, instalações degradadas e tempos de espera muito longos são algumas das situações reportadas.
As Organizações de Utentes do Estuário do Tejo apelam à população para que não se resigne perante o que consideram ser uma avalanche de medidas e acontecimentos negativos que afectam gravemente as unidades de saúde da região.
No dia 26 de Julho de 2024, uma delegação destes representantes deslocou-se ao Gabinete do Primeiro-Ministro, onde entregou uma moção e um abaixo-assinado subscrito por milhares de pessoas. O documento denunciava a situação crítica vivida nas unidades de saúde da região e apresentava propostas viáveis e urgentes para a sua resolução. A comitiva foi recebida pela assessora Eugénia Gamboa, que garantiu, na altura, que em Julho de 2025 a situação estaria “muito diferente para melhor”.
Passado um ano, os utentes afirmam que a situação se agravou. O número de pessoas sem médico de família aumentou, a escassez de clínicos mantém-se, as condições das instalações continuam deficitárias em várias localidades e os serviços degradaram-se, com tempos de espera para consultas e exames incompatíveis com a legislação em vigor.
O atendimento por vídeo-conferência, que poderia ser adequado em certas circunstâncias, mostra-se desajustado noutras, sobretudo em contextos de maior vulnerabilidade. Segundo as organizações, as urgências nos centros de saúde passaram a depender de uma triagem prévia pela linha Saúde 24, resultando em tempos de espera incompatíveis com situações emergentes. Nas urgências hospitalares, persistem os encerramentos nas especialidades de pediatria e obstetrícia.
Apesar deste cenário, as organizações reconhecem alguns avanços pontuais, como a reposição do quadro de médicos na USF de Vialonga — embora subsistam cerca de 2.500 utentes sem médico de família naquela freguesia —, a melhoria da oferta de saúde oral em algumas unidades e a contratação de profissionais de saúde, ainda assim insuficientes face às necessidades crescentes da população.