Saúde | 19-12-2025 07:00

Em tempo de gripes, atenção aos ouvidos, nariz e garganta das crianças!

Em tempo de gripes, atenção aos ouvidos, nariz e garganta das crianças!
Hospital da Luz Clínica Vila Franca de Xira - Divulgação
Os otorrinolaringologistas Jorge Canha Dentinho e Pedro Alexandre e os oftalmologistas Nuno Coelho e Jorge Teixeira.

As infeções virais e bacterianas são típicas desta altura do ano e atingem quase sempre as crianças antes de mais ninguém. Prevenir e tratar atempadamente, para evitar complicações, são os conselhos do especialista do Hospital da Luz Clínica Vila Franca de Xira.

A chegada do inverno equivale, entre nós, ao anúncio de baixas temperaturas, às vezes de chuva intensa e, claro, de vírus à solta. As crianças são, em regras, as primeiras a ter de interromper as rotinas escolares. E, sobretudo as mais pequenas, passam muitas vezes mais tempo em casa doentes do que a brincar na creche ou na escola.
Como explica Jorge Canha Dentinho, especialista em otorrinolaringologia, que, com Pedro Lopes Alexandre, integra a equipa desta especialidade no Hospital da Luz Clínica Vila Franca de Xira, “algumas doenças típicas deste período do ano são as rinofaringites virais (a chamada constipação) que, tipicamente, é causada por vírus, como rinovírus ou adenovírus; as amigdalites, que podem ser virais ou bacteriana; as adenoidites, que são infeções dos adenoides; as otites e a sinusite”.
“As infeções por vírus respiratórios têm, de facto, maior incidência no outono/Inverno, pela maior convivência das crianças em espaços fechados. Além disso, os vírus têm maior viabilidade com tempo frio”, diz o especialista, acrescentando: “Estes fatores contribuem para a maior propagação destes vírus, que podem causar várias manifestações a nível otorrinolaringológico, como secreções nasais, nariz tapado, tosse, devido à rinorreia posterior, ou dor de garganta. Como a ventilação dos ouvidos se dá a partir da nasofaringe (a parte de trás do nariz), estas infeções podem levar a que se acumule líquido no ouvido médio (ou seja, atrás do tímpano), o pode fazer surgir dor ou desconforto, diminuição da audição… Ou pode até evoluir para otite bacteriana com necessidade de tratamento com antibiótico”.
Jorge Canha Dentinho alerta para os riscos de não tratar convenientemente estes sintomas nas crianças: “Os riscos de não tratar são as sequelas (por exemplo perda de audição no caso de otite) e complicações, por exemplo: mastoidite, labirintite (afeção do ouvido interno), meningite ou outras complicações intracranianas no caso de otite; complicações oculares, intracranianas ou abcessos retro faríngeos no caso de sinusite; e no caso das amigdalites, febre reumática ou glomerulonefrite, para além de abcessos”.

Como prevenir?
O especialista explica: “A prevenção primária passa pela etiqueta respiratória, ou seja, tapar a boca e o nariz quando se tosse ou espirra. Os adultos com doença não devem também ter contacto próximo com crianças pequenas e usarem máscara”.
“Também passa pelo tratamento atempado para evitar sobre infeção bacteriana, ou as suas complicações. Além disso, é fundamental a imunização, cumprindo o Plano Nacional de Vacinação e fazendo algumas vacinas extraplano. Eventualmente, até poderá ser necessário fazer imunoterapia, para casos específicos, como otites ou amigdalites de repetição”.
Por fim, adianta: “O tratamento adequado de doenças de base também é importante. Um exemplo é o tratamento adequado da rinite alérgica, para que a mucosa nasal tenha a sua função de barreira o mais integra possível, e os seios perinasais e ouvidos médios terem a sua ventilação o mais otimizada possível”.
O especialista diz ainda que estas doenças podem repetir-se na mesma estação, não estando, por isso, as crianças imunes após terem tido uma destas infeções virais.
E alerta: “O médico especialista deve ser procurado pelos pais, quando as infeções são recorrentes ou graves, quando não há melhoria com o tratamento inicial, quando há suspeita de complicações, se houver dúvidas no diagnóstico, ou se houver necessidade de tratamento cirúrgico. Além disso, é fundamental que o otorrinolaringologista faça a avaliação regular, para eventual pedido de exames e prescrição de tratamentos mais específicos, assegurando sempre uma discussão informada do plano de tratamento com os pais e cuidadores”.
Muitos pais ficam receosos quando o médico põe a hipótese de a criança ter de ser operada aos ouvidos. Mas o especialista tranquiliza: “O tratamento que passa por cirurgia tem, em geral, excelentes resultados”.

Equipa de especialistas e rastreios
O Hospital da Luz Clínica de Vila Franca tem uma equipa de especialistas com larga experiência no seguimento, tratamento médico e cirúrgico de crianças com patologia otorrinolaringológica, que aconselharão o tratamento mais adequado para cada caso. A equipa é multidisciplinar, integrando também audiologistas, que podem realizar exames audiométricos no caso de existir dúvida sobre a afeção da audição.
A clínica realiza ainda regularmente rastreios de regresso às aulas, para avaliação da audição das crianças, que é “extremamente importante”, diz Jorge Canha Dentinho, adiantando: “Existe ainda um rastreio auditivo neonatal universal, que deve ser realizado no primeiro mês de vida. No entanto, mesmo crianças que passaram no rastreio inicialmente poderão adquirir problemas de audição. Um exemplo é a surdez neurossensorial causada por um determinado vírus que pode dar manifestações não ao nascer, mas mais tarde. Outro é a otite serosa (ou seromucosa), que é a acumulação de conteúdo seroso ou mucoso no ouvido médio e é a causa mais comum de perda de audição”.
Estes problemas – diz, por fim – “são tratáveis (com reabilitação auditiva, tratamento com medicação ou cirurgia, dependendo do caso), sendo que o tratamento atempado previne problemas como alterações de articulação verbal ou problemas de aprendizagem - crianças que não ouvem bem podem ter mais dificuldade a reproduzir sons e na aquisição de conhecimentos”.
De acordo com o especialista, não é necessário realizar avaliação anual da audição das crianças. No entanto, os pais devem estar sempre atentos: caso haja alguma suspeita, deve ser sempre feita uma avaliação pela otorrinolaringologia: “a avaliação antes de iniciar a escola pode ser boa prática uma vez que podem existir problemas de audição que passaram despercebidos até então e que, se persistirem para a escola podem afetar o rendimento na mesma”.
Nessa medida, os pais, os cuidadores e os educadores devem estar atentos a sinais de que a criança ouve mal (como falar alto, colocar o volume da TV alto, não responder muitas vezes, pedir para repetir muitas vezes). E, muito importante também, os adultos devem acreditar na criança que diz que não ouve bem e procurar ajuda especializada nestes casos, porque muitas vezes são as próprias crianças a notar isso! .

Rastreio visual dos mais pequenos a partir dos 2 anos

O Hospital da Luz Clínica Vila Franca de Xira realizou, no final do passado mês de setembro, um rastreio gratuito de regresso à escola, que incluiu, além da avaliação auditiva, uma avaliação oftalmológica.
O especialista em oftalmologia Nuno Coelho - que faz equipa na clinica de Vila Franca com o oftalmologista Jorge Teixeira - explica a importância desta iniciativa: “A primeira avaliação oftalmológica das crianças consiste no rastreio de saúde visual infantil - um rastreio sistemático a nível nacional, que se realiza no semestre em que a criança cumpre dois anos de idade e deve repetir-se aos 4 anos. Posteriormente, recomenda-se que avaliação da visão nas crianças seja feita anualmente, a partir dos 6 anos. Crianças com problemas de visão, com necessidade de correção ótica (óculos) ou crianças com problemas de aprendizagem devem realizar avaliações da visão mais frequentemente”.
Nuno Coelho afirma ainda que a observação oftalmológica deve ser recomendada pelo médico pediatra e o registo dessa observação deve ser feito no Boletim de Saúde Infantil.
Por fim, alerta: “Os pais devem estar atentos a alguns sinais, como a presença de estrabismo (“olhos desviados”), coceira dos olhos e dificuldades em ver para o quadro na escola ou para a televisão”. E esclarecer dúvidas com o pediatra ou dirigir-se ao especialista.

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