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Toiros de volta às ruas de Santarém

I Semana da Cultura Taurina levou centenas de pessoas ao antigo campo da feira

Um dos objectivos da I Semana da Cultura Taurina promovida pela câmara de Santarém era voltar a colocar touros nas ruas da cidade. Touros e pessoas. No sábado, junto à praça de touros, juntou-se uma pequena multidão de curiosos e aficcionados para uma “picaria à vara larga”. No domingo foi uma largada à moda antiga. Nas duas iniciativas havia dezenas de crianças. Os novos públicos de que tanto falou a organização.

“Pede-se às pessoas que não entrem no recinto, para que não haja acidentes”. De microfone na mão, o locutor de serviço zelava para que nada de grave acontecesse durante a picaria à vara laga que na tarde de sábado levou uma pequena multidão às imediações da Praça de Touros Celestino Graça, em Santarém.Dentro do improvisado recinto, vedado pelas tranqueiras empestadas pela Câmara de Azambuja, mais de uma dezena de campinos procedia a um ritual da festa brava picando os novilhos que mais tarde iriam ser lidados na praça. Animais com uma corpulência ainda longe da dos touros que são corridos nas nossas praças, mas capazes de fazer mossa aos espíritos mais afoitos.“Haviam de picar era um toiro grande, agora isto até eu picava”, criticava um rapaz empoleirado na tranqueira, aparentemente incomodado pela pouca luta dada pelo novilho. Um miúdo pergunta porque é que o animal deita sangue do dorso. “Aleijou-se”, atalha a mãe, disposta a acabar logo ali com a curiosidade e evitar mais conversa.Foram aliás as crianças e jovens que deram um colorido especial à assistência que emoldurava o espaço. Nos altifalantes passavam músicas conhecidas dos habitués da festa brava. Nas varandas e janelas das casas vizinhas penduraram-se colchas e até barretes verdes. O ambiente era de animação, como poucas vezes se vê por aquelas bandas. Ainda para mais, havia o Festival Nacional de Gastronomia e a Feira da Piedade paredes meias.Mesmo assim havia quem não se entusiamasse por aí além com o espectáculo. “Qual é interesse disto?”, questionava um homem para a parceira quando abandonava o local, precisamente no momento em que se pedia aplausos para os campinos, que acabavam de recolher aos curros mais um novilho.A I Semana da Cultura Taurina promovida pelo município mostrou que há gostos para tudo e que existe na - muitas vezes citada nesses dias - “capital do Ribatejo” público para esse género de iniciativas, sobretudo se as mesmas forem gratuitas. A manhã de domingo foi aliás o comprovativo mais seguro, com uma largada de bezerros e novilhos que desafiaram a coragem e a destreza dos jovens aficcionados. As dezenas de crianças que rodeavam os animais pareciam formigas em redor de um açucareiro e as peculiares imagens correram o país através dos noticiários das televisões.A formação de novos públicos e a pedagogia feita à volta da actividade taurina foram objectivos aparentemente conseguidos pela organização. Tanto que o locutor tinha por vezes de travar os ânimos dos mais excitados pela presença tão próxima do animal que tem como destino a arena. “Não rabejar, a atitude do toureiro é de frente, sempre de frente para toiro”, avisava ao microfone, no momento em que um rapagão se agarrara ao rabo do deseperado novilho que, provavelmente, nunca vira tanta gente interessada nele. Outras habilidades mereciam comentários de incentivo: “Assim é que se recorta na cara do touro. O máximo que se deve fazer é passar a mão pelos cornos do animal”.A intenção era não cansar demasiado depressa o bicho, caso contrário o espectáculo perderia interesse. “Este novilho está a chegar ao fim. Os animais têm o seu tempo de investida”, acrescentava pedagogicamente o animador, constatando o cansaço do animal, que, após desenfreadas correrias e ter andado com rapazes agarrados aos cornos e ao rabo, já não aguentava mais tropelias e preferia não investir.Pouco depois, os campinos e cabrestos da Companhia as Lezírias tiravam o esforçado animal do recinto e outro se seguiria. Para os mais valentes, ficava marcado o encontro para essa tarde de domingo, com uma largada de touros que voltou a levar muita gente junto à praça de touros.Santarém homenageia figuras da tauromaquiaOito figuras de Santarém ligadas à actividade taurina foram homenageados na sexta-feira, 25 de Outubro, pela autarquia escalabitana no salão nobre dos paços do concelho. Perante uma sala completamente cheia, foram entregues placas de reconhecimento aos bandarilheiros César Marinho, João Assunção Romão (representado pelo presidente da Junta de Vale de Santarém) e Joaquim Gonçalves Costa; ao equitador Manuel Sabino Duarte; ao ganadeiro José Infante da Câmara; ao poeta de letras para fados Victor Rodrigues; e, a título póstumo, aos forcados António Abreu e Ricardo Rhodes Sérgio, antigos elementos dos Forcados Amadores de Santarém.

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