uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Galhofeiro Serafim das Neves

A Câmara da Chamusca teve a coragem de encomendar uma escultura ao mestre João Cutileiro e lá vamos ter os do costume a lastimarem que se tenha gasto tanto dinheirinho num guerreiro de pedra - que ainda por cima nem sequer tem figura de gente - quando ainda há tantos esgotos para fazer. Pensamentos de merda, digo eu que nunca tive papas na língua. A escultura está no miradouro do Almourol, sobranceiro ao Tejo, ali perto do Arripiado. Só lamento que não tenha um dispositivo especial para sublinhar comentários sobre gastos excessivos com coisas de cultura. Eu sei lá...o lançamento de uma tonelada de estrume sobre cada cabeça menos adubada que os fizesse, por exemplo.Trauliteiro!!?? Eu!!?? Qual trauliteiro qual carapuça. Se quiserem dizer mal, digam que o Cutileiro é péssimo e que a escultura é uma bosta. Mas não me venham com o choradinho do dinheiro que tanta falta faz para tapar os buracos das estradas. Será que nesta santa terrinha ainda ninguém percebeu que o dinheiro gasto em cultura e objectos de arte também está a tapar buracos. E não são buraquinhos de meio metro. São buracões de quilómetros. Basta ver os indicadores relativos ao analfabetismo e incultura dos portugueses.Serafim, a Rodoviária do Tejo continua a não utilizar o Centro de Transportes de Almeirim, inaugurado com pompa e circunstância há um ano e que, desde então, tem estado às moscas. Não sei se hei-de rir ou chorar. Gastaram-se uns milhares de contos do nosso dinheirinho para fazer uma central de camionagem que não está ao serviço, sabe-se lá porquê. E ninguém é responsabilizado por isto. Nem tem que responder em tribunal. Nem sequer é obrigado a explicar o que se passou. Fantástico. Três vivas a Portugal e siga a rusga. Ontem, na auto-estrada, fui uns seis ou sete quilómetros atrás de uma camioneta da Rodoviária da Beira Interior que tentava, sem sucesso, ultrapassar um camião cisterna. As duas bisarmas seguiam lado a lado ocupando toda a auto-estrada no sentido Norte/Sul e conseguiram que se formasse uma fila de trânsito de dois quilómetros. Os condutores dos pesados deviam ir divertidíssimos. Autênticos reis da estrada. Mais impunes que presidentes de câmara. Alimárias assim andam para aí aos montes. E ai de quem as desafiar.Um desafio do camandro, dizes tu no teu e-mail e eu assino por baixo, é atravessar o lamaçal do Campo Infante da Câmara, em Santarém, para deitar abaixo um almoçéco no Festival de Gastronomia. Tu sugeres que os responsáveis pela gestão da cidade não gostam de visitantes. Eu tenho outra teoria. Santarém tem lama, buracos nas ruas, e merda de cão nos passeios, para tentar atrair turistas. Topa só este slogan: Visite o Portugal que já não existe! Pise a mesma merda que era pisada por Pedro Álvares Cabral e experimente a liberdade de dizer palavrões em português arcaico!E a ideia da vereadora toureira Idália Moniz, de pôr criancinhas na praça de toiros e toiros nas ruas é do caraças! E dá para outros slogans turísticos. “Se em Pamplona não se sente bem, venha levar uma cornada em Santarém!” E como a senhora vereadora é maestrina, até podia compôr uns jingles para a rádio. Qualquer coisa como: “Olá, olé, venha a Santarém que Santarém é que é!” Eu por mim cedo-lhes estas ideias todas de borla. Sem contrato nem protocolo. É a minha modesta contribuição para a grande revolução cultural da capital. Acabaram com uma orquestra e gastam o dinheiro em bois. Agora sim, Santarém está no bom caminho. É cornada, peido e coice. Alta cultura. Ou será, alto lá ka cultura !??Quanto à recuperação da tradição, bem marialva, de dar uns enxertos de porrada nas mulheres, sugiro que o exemplo venha de cima. Que seja a Idália Moniz a levar a primeira trepa. E que seja de caixão à cova. Eu sei que isso não irá acontecer porque a senhora tem um marido civilizado, mas adorava vê-la com um olho negro e um braço ao peito, a dar vivas à tradição. Já agora. Quanto é que a Câmara de Santarém está a pensar investir na recuperação do 14, o quase centenário bordel da cidade? Já existirá candidatura a Fundos Comunitários? O Ministério da Cultura alinha? E haverá capacidade para convencer mecenas a entrar com algum. O senhor Cintra, tenho quase a certeza, fornecerá umas caixas de cerveja. Mas é lamentável que, no decorrer das movimentadíssimas reuniões sobre o orçamento participativo, ninguém tenha tido a coragem de meter umas massas naquela rubrica. Nem umas massas, nem nada. Os cumprimentos tradicionais doManuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...