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As crianças, esses grandes consumidores

Compras da família decididas pelos mais pequenos

A criança tem cada vez mais um papel decisivo na escolha das compras da família e um enorme potencial como consumidor, revela um inquérito a famílias portuguesas cujas conclusões alertam publicitários e educadores.A partir de dados recolhidos de 285 crianças entre os sete e os 12 anos, de escolas das Beiras e do Porto, e de 288 mães, concluiu-se ainda que os pequenos membros da família são bastante influenciados pela publicidade, especialmente de produtos que nunca tiveram.

Os inquéritos foram elaborados por um professor de economia da Universidade Lusíada do Porto, Carlos Teixeira Alves, e as conclusões publicadas no livro “Comportamento do Consumidor - análise do comportamento de consumo da criança”.O estudo concluiu que as preferências da criança, sobre um ou outro produto, são “totalmente acatadas” pelos pais quando se referem a bens de que ela é destinatária.A influência da criança sobre as compras da família decresce, embora persista, para os bens destinados a toda a família (detergentes, pão ou leite) e diminui ainda mais para produtos destinados apenas aos pais.“A opinião da criança, nas compras feitas pela família, é tida cada vez mais em conta pelos pais, e tende a aumentar nos próximos anos”, afirmou à Agência Lusa Carlos Teixeira Alves, explicando que isto acontece porque as famílias são cada vez mais pequenas, centralizando-se nos filhos, e mais informadas e democráticas na tomada de decisões.Este investigador salienta que esta influência da criança-consumidor só se regista em países desenvolvidos, onde as crianças, ao crescer, vão tomando consciência - através da imitação - de que possuir um produto satisfaz um desejo.“Existe uma grande diferença entre as crianças dos países desenvolvidos e as do Terceiro Mundo. A carência de produtos não deixa espaço a qualquer problema de escolha à maioria da população, incluindo as crianças”, adianta.Nos países desenvolvidos, as necessidades vitais estão satisfeitas e a energia das crianças pode desenvolver o desejo de experimentar e possuir novos produtos.As respostas aos inquéritos permitiram também concluir que a criança é um enorme potencial económico como comprador, um dado interessante para os publicitários mas também para os educadores que, na opinião do autor do estudo, devem estar mais atentos à educação do futuro consumidor.De acordo com as respostas dos cerca de 600 inquiridos (mães e crianças) a semanada das crianças portuguesas ronda os 2,5 euros e o uso deste dinheiro, mais do que racional, é afectivo.Cerca de 41 por cento da semanada é gasta em guloseimas, 39 por cento em pastelaria, oito por cento em livros e revistas e sete por cento em cromos.“A educação familiar e a atitude dos pais modelam o sentido e o valor que a criança vai dar ao dinheiro”, conclui Teixeira Alves naquele estudo, salientando que a prática da semanada permite sensibilizar a criança na faceta do seu papel de consumidor.O comportamento económico da criança varia também com a idade: aos 10 anos tem o desejo intenso de receber prendas e recusa serviços pagos; aos 11 tem tendência para a poupança e esbanja o dinheiro dos outros, considerando a semanada insuficiente; aos 12 anos gere melhor a semanada, é escrupuloso quanto às dívidas, poupa com um fim determinado e é generoso.As respostas dos inquiridos revelam ainda que 96,6 por cento das crianças visitam pelo menos ocasionalmente (regularmente e de vez em quando) os hipermercados, acompanhadas das mães, o que as torna parte integrante das situações de compra da família.O estudo responde ainda à questão de quando é que a publicidade está na origem do desejo do produto pela criança, concluindo que é na publicidade televisiva que têm origem os pedidos da criança sobre produtos que nunca teve.Sujeitas a mensagens publicitárias televisivas, as crianças têm geralmente desejo de informações complementares: “As crianças procuram sobretudo informação relativa aos produtos que lhes interessam [destinados principalmente às crianças]”.

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