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Energia eólica avança no Distrito

Mação e Rio Maior vão na frente

São os moinhos de vento dos tempos modernos. Em vez de moerem cereal produzem energia eléctrica. Uma forma de produção de energia que está a ganhar terreno no Distrito de Santarém. Mação é o concelho mais procurado para a instalação de empresas do género, mas já há um projecto para Rio Maior.

A energia eólica está a ganhar terreno na região. No distrito o primeiro parque de produção de energia através do vento nasceu há quatro anos em Mação. Este ano foram aprovados mais três projectos para este concelho. Isto depois de em 2001 ter sido autorizado o segundo parque da zona, que começou a operar há duas semanas. Em estudo está também a instalação de uma unidade com trinta aero-geradores na Serra dos Candeeiros, em Rio Maior. Segundo a Direcção Geral de Energia (DGE), a quem cabe o licenciamento dos parques eólicos em Portugal, foi aprovada este ano a instalação de equipamentos na Serra da Amêndoa, em Castelo Velho e em Pracana, no concelho de Mação. No ano passado já tinha sido autorizada a instalação de 5 aero-geradores também na Serra da Amêndoa, mas os equipamentos só começaram a produzir energia há duas semanas. Este parque, propriedade da empresa Enervento, está equipado com os mais modernos sistemas. Num investimento total de 4.740.724,85 euros (comparticipados em 1.800.000,00 euros por fundos comunitários), cada aero-gerador tem uma potência de 900 quilowatts (KW), mais 150 kw do que o primeiro parque de Mação, na Serra da Lage. Com uma potência maior a produção de energia também é mais elevada. Desde que começou a trabalhar, no dia 14 de Outubro, e até ao dia 26, o conjunto dos cinco aero-geradores já produziu 386.902 kwh. Esta electricidade entra nas linhas normais da EDP (Electricidade de Portugal), que compra a energia à empresa proprietária do parque eólico. Neste caso a ligação, através de linhas de média tensão, é feita numa subestação em Queixoperra, a mais de 7 quilómetros do local onde estão as enormes ventoinhas. Mas para que as três pás de fibra de vidro de um gerador, cada com 25 metros de envergadura e 3 toneladas de peso, possam girar e produzir energia é necessário que o vento sopre a uma velocidade mínima de 4 metros por segundo. No sábado à tarde o vento não ia além dos 0,5 metros/segundo, pelo que as ventoinhas giravam mas não havia produção eléctrica. Apesar dos avultados investimentos que são necessários para instalar este tipo de equipamentos de energia alternativa, tem vindo a crescer o interesse dos empresários por este sector. Primeiro porque existem apoios comunitários, depois porque o licenciamento dos parques é válido em média por 20 anos, sendo que a rentabilização do investimento atinge-se ao fim de uma meia dúzia de anos.Actualmente o tarifário para a venda deste tipo de energia situa-se entre os quatro cêntimos e os nove cêntimos por quilowatt, consoante a zona onde os equipamentos estão instalados. Ou seja, aquelas onde existe menos vento o preço é mais elevado. Por outro lado tem existido uma forte pressão para que estes sistemas se desenvolvam. É que até 2010 Portugal pretende alcançar uma potência instalada de 2.500 a 3.000 megawatt (MW), contra os 100 mw instalados em 2001 e 19 mw em 1996, a fim de cumprir com os compromissos no quadro do Protocolo de Quioto. Quem ganha também com este negócio são as câmaras municipais, que procuram tirar dividendos da instalação dos parques eólicos nos seus concelhos. Segundo o vereador da Câmara de Mação, António Louro, as empresas detentoras dos parques eólicos “são obrigadas a transferir para as autarquias 3 por cento do valor total da facturação respeitante à venda de energia anual”. António Louro reconhece que na altura da instalação do primeiro sistema, na Lage, a autarquia poderá não ter tirado muitos benefícios com o negócio. Primeiro porque tudo era ainda uma novidade e existia uma grande expectativa de ver a funcionar o parque eólico que acabaram por se esquecer de negociar contrapartidas. No entanto, esclarece aquele vereador, para os novos parques que estão previstos para o concelho, a câmara vai assumir uma posição mais dura em termos de exigências de contrapartidas e de respeito pelas regras ambientais, embora não tenha especificado quais serão as contrapartidas a exigir. Quanto às questões ambientais, António Louro garante que a única preocupação tem a ver com o impacto visual de uma estrutura destas. “Essa é a situação que mais nos preocupa, por isso teremos todo o cuidado a analisar os locais onde serão instalados os equipamentos para que não choquem com a paisagem”, sublinhou. Inquestionáveis para o vereador são as vantagens destes sistemas. Primeiro porque são energias renováveis. Depois porque criam alternativas em termos de abastecimento de electricidade às populações. Só o parque eólico da Lage, o primeiro no concelho, tem, segundo o vereador, uma capacidade para abastecer 30 mil pessoas enquanto o concelho tem apenas 10 mil habitantes.PARQUE DA SERRA DOS CANDEEIROS EM ESTUDOA instalação de um parque eólico de grandes dimensões na Serra dos Candeeiros, no concelho de Rio Maior, está neste momento a ser avaliado pela Direcção Geral de Energia. O processo para a instalação do parque, na área do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, começou em Maio deste ano. Para o local, na cumeada sul da serra, nas freguesias de Rio Maior e Alcobertas, está prevista a instalação de 30 aero-geradores com uma potência nominal de 2 megawatt. O objectivo é o de produzir electricidade a partir da força do vento, como fonte de energia não poluente que permite substituir outros meios de produção, designadamente os que recorrem à queima de combustíveis fósseis. A estimativa relativa à produção energética anual média é de 156 gigawatt, quantidade suficiente para abastecer uma população aproximada de 231.500 habitantes, ou 57.900 habitações.António Palmeiro

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