O MIRANTE tem uma frota de catorze carros para os cerca de trinta profissionais que formam a equipa do jornal. Dos onze jornalistas com carteira profissional, que trabalham a tempo inteiro e fazem do jornalismo a sua única ocupação profissional, nenhum trabalha para outra empresa de comunicação social. Explicando melhor: na Redacção de O MIRANTE não há jornalistas que sejam simultaneamente correspondentes de outros jornais, assessores de imprensa, colaboradores pagos, ou não, de outras empresas ou instituições sejam elas de cariz local, regional ou nacional.Se há aspectos na actual imprensa regional portuguesa de que nos orgulhamos, por termos sido pioneiros, um deles é a prática do jornalismo de proximidade. Por isso mesmo criamos condições de trabalho, que passam não só pela compra de uma boa frota automóvel, que nos permite deslocações por todo o distrito, como desenvolvemos uma cultura de empresa que não tem paralelo noutras regiões. Contam-se pelos dedos de uma só mão, e ainda sobram dedos, as redacções que, por esse país fora, não têm um dos seus melhores jornalistas a trabalhar no seu jornalzinho e, simultaneamente, num qualquer jornal, agência de notícias ou instituição política ou empresarial. Tudo em troca de uma avença e de um suposto prestígio do seu nome. O embuste está bem montado; os jornalistas podem trabalhar no seu jornal com um vencimento mais baixo; porque assinam notícias em jornais de circulação nacional trazem prestígio (na aparência é evidente) para o jornalzinho onde trabalham; Os agentes locais e regionais, por sua vez, quando não são notícia os jornalistas inventam ou, à falta de imaginação, copiam do que se publica nos outros jornais da terra. As notícias e as reportagens são quase sempre insignificantes e vêm publicadas nas páginas mais interiores desses jornais. Mas a verdade é que, para certa gente, uma notícia por ano no Expresso, a anunciar a morte da bezerra em Santarém ou em Tomar, é tão importante para eles e para a região como para o país, uma vez por ano, as cheias do Tejo na lezíria. Festejar com palavras o aniversário de um jornal (num país ainda em grande parte governado à medida da cabeça do ex-governante socialista - estalinista Arons de Carvalho) não é fácil nos tempos que correm. Mesmo assim resolvemos arriscar nas oitenta e oito páginas desta edição. Primeiro fomos todos para a rua no dia do nosso décimo quinto aniversário dar a cara pelo jornal. Depois entrevistamos os leitores. Por fim lançamo-nos ao trabalho de escrever olhando um pouco para o nosso umbigo. Que nos perdoem a vaidade e a ousadia de festejarmos mais um aniversário com palavras à medida do que sentimos nas veias. Como director deste jornal devo uma palavra de agradecimento aos leitores, aos anunciantes e a todos aqueles que trabalham e colaboram diariamente neste projecto editorial com a humildade de quem sabe, por aprender com a vida, que o caminho faz-se andando.Nota Final. Para nós um jornal nunca valeu só o preço de uma assinatura. Mais do que isso um jornal vale o que os seus jornalistas conseguem e sabem escrever todas as semanas e o que os seus comerciais são capaz de facturar, edição após edição, depois de conseguirem provar aos anunciantes que nós somos o melhor veículo para publicitarem o seu produto (mantemos tudo o que escrevemos o ano passado por esta altura. Recordamos apenas este parágrafo em homenagem ao defunto Arons de Carvalho).