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Jornalismo todo o terreno

Margarida Cabeleira *

“Ao contrário do que acontece na imprensa sediada em Lisboa ou no Porto, nos jornais regionais (pelo menos em alguns) as redacções funcionam de fora para dentro. E O MIRANTE é um excelente exemplo de jornalismo feito no terreno. Quantas vezes as cadeiras estão vazias e os computadores desligados porque os jornalistas estão em reportagem, algures no distrito de Santarém.”

O sonho de qualquer jornalista que se preze é, pelo menos uma vez na vida, levantar o rabo da cadeira e partir à procura de uma daquelas reportagens de, como se tem por hábito dizer, encher o olho. Algo que mexa com o leitor. Que o faça pensar, rir de uma forma delirante, chorar convulsivelmente. Ou tudo isso em simultâneo.Fazer reportagem não é simples. Pressupõe tempo e disponibilidade mental. Só assim se consegue olhar, “sentir” o que se vê e ser capaz de o transmitir ao leitor. E requer também uma outra coisa muito importante – trabalhar numa redacção aberta, não estática.Quem já exerceu a profissão em grandes jornais nacionais sabe que as coisas ali não funcionam assim. Dia após dia, poucas são as cadeiras vazias e os computadores desligados numa redacção de muitas dezenas de jornalistas. A pressão da notícia imediata leva o jornalista a privilegiar o telefone como a sua principal ferramenta de trabalho. Um dia, quando houver maior disponibilidade, haverá tempo para as tais reportagens...Ao contrário do que acontece na imprensa sediada em Lisboa ou no Porto, nos jornais regionais (pelo menos em alguns) as redacções funcionam de fora para dentro. E O MIRANTE é um excelente exemplo de jornalismo feito no terreno. Quantas vezes as cadeiras estão vazias e os computadores desligados porque os jornalistas estão em reportagem, algures no distrito de Santarém.Poderá equacionar-se que importância terão as reportagens regionais, numa Imprensa cada vez mais competitiva, ávida de grandes hecatombes que satisfaçam as massas. “Tudo o que de importante acontece, acontece nas áreas de Lisboa e Porto”, dizia-me há uns tempos uma amiga minha, ex-jornalista de um desses grandes jornais nacionais chamados de “referência” e agora a trabalhar numa televisão privada.Digo agora o mesmo que disse na altura à minha amiga. Quem faz um jornal de referência são os leitores. E quanto maior número de leitores a questionar, a pedir mais pormenores ou a chamar a atenção para determinados factos tiver um jornal, maior será a sua referência. Porque estamos a falar de leitura, não é?.Os jornalistas dos jornais nacionais continuam tão preocupados em tentar arranjar “cachas”, notícias bombásticas (em sua opinião) que os façam subir rapidamente mais um patamar na carreira, que ainda não conseguiram ver o que os seus patrões já viram – a matéria “suculenta” para reportagens anda por esse país fora, em locais pouco conhecidos e recônditos, longe das luzes da ribalta da capital.E por muito que lhes custe admitir não são os grandes jornalistas de Lisboa mas os seus colegas da província que descobrem casos e situações susceptíveis de dar as tais reportagens de encher o olho. Porque não passam o dia com o rabo sentado na cadeira a olhar o monitor mas percorrem quilómetros e quilómetros, privilegiando o contacto directo com a população.E são essas reportagens, “insignificantes” para os de Lisboa, que são muitas vezes repescadas e sumariamente trabalhadas para aparecerem nas televisões do país. Em horário nobre. Se as reportagens tivessem direitos de autor, a esta altura estávamos ricos...Não somos melhores ou piores que os outros. Somos jornalistas empenhados, esforçados e com garra. E trabalhamos numa redacção de muitos quilómetros quadrados.* Jornalista

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