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Evoluir sem pôr de lado a tradição

Estudo sobre consumo em Tomar, Ferreira do Zêzere e Barquinha deixa pistas a comerciantes

Pela primeira vez desde que foi criada a Associação Comercial e Industrial de Tomar, Ferreira do Zêzere e Vila Nova da Barquinha (ACITOFEBA) quis ouvir os consumidores dos três conselhos, o que procuram, onde compram, que tipo de bens preferem. Afinal são eles que condicionam e determinam os êxitos ou fracassos do chamado comércio tradicional. As conclusões não trouxeram surpresas mas deixam alguns alertas.

As conclusões da radiografia ao consumo da região encomendada pela Associação Comercial e Industrial de Tomar, Ferreira do Zêzere e Vila Nova da Barquinha (ACITOFEBA) ao Instituto Politécnico de Tomar não trouxeram grandes surpresas mas deixaram alguns alertas aos comerciantes. Em termos de vendas, a segmentação e o marketing directo são estratégias a seguir e, ao nível da competitividade, as “capelinhas” têm de dar lugar à união conjunta de esforços. O comércio tradicional tem de alterar conceitos se quiser vingar num mundo de consumo cada vez mais competitivo. Tudo se baseia numa questão de atitude perante os consumidores. O estudo é claro – não vale a pena os empresários pensarem que as coisas serão sempre iguais e nunca mudarão. Por isso há que saber quais são os anseios do consumidor e realizar as mudanças que vão ao encontro da satisfação desse consumidor. Adaptar e ajustar a oferta são as palavras-chave. Se os consumidores têm cada vez menos tempo para fazer compras, há que atraí-los através da personalização do acto em si. “Conhecer o cliente é uma das grandes vantagens do comércio tradicional”, refere o estudo, adiantando que tem de se combater o preço e a variedade dos produtos existentes nos grandes espaços de consumo – super e hipermercados – com a qualidade e o atendimento personalizado.O comércio tradicional tem-se ressentido ao longo da última década com o aparecimento das grandes superfícies mas não vale a pena chorar sobre leite derramado. Foi isto mesmo que quis dizer José Cortez, representante da Confederação do Comércio de Portugal (CCP) na apresentação do estudo, ocorrida na sexta-feira, 7 de Dezembro. “Acaba por ter pouco significado lamentarmo-nos sobre essa realidade, interessa sobretudo ver que respostas poderão ser dadas para que o comércio tradicional possa recuperar parte da sua clientela passada”.Para o representante da CCP, é preciso que os comerciantes assumam não apenas uma concorrência entre actividades e empresas mas também uma concorrência entre espaços urbanos – “aquilo que o conselho de Tomar não conseguir atrair significa que outras regiões estão a conseguir fazer melhor e a ganhar uma vantagem competitiva”.Esta é uma nova realidade com a qual os comerciantes tradicionais têm de conviver e que só se consegue superar com uma filosofia integrada de estratégia e desenvolvimento. “Tem de ser pensada considerando a região como um todo”.A TRADIÇÃO JÁ NÃO É O QUE ERAHá erros que se pagam caros e a resistência da maioria dos comerciantes em relação aos horários dos seus estabelecimentos é mais uma factura a contabilizar no deve e haver do comércio tradicional da região.Os comerciantes têm de perceber que a tradição já não é o que era, pelo menos em relação à vida profissional dos consumidores, com cada vez menos tempo para fazer compras. Abrir e fechar as lojas mais tarde é uma das alternativas possíveis para angariar consumidores mas o importante mesmo, segundo o estudo, é encontrar horários flexíveis e adequados aos potenciais clientes nos três concelhos.O estudo vai ainda mais longe, afirmando que o desenvolvimento do comércio tradicional não pode só olhar para o todo, mas também para “pormenores”. Por isso há ainda que criar nichos de consumo e horários compatíveis para segmentos específicos de consumidores. Em suma, os comerciantes da região têm de gradualmente apostar num comércio evoluído, atento às necessidades dos consumidores, privilegiando o contacto directo e melhorando o serviço. Sem deixar de lado a tradição.Radiografia ao consumidorO estudo encomendado pela ACITOFEBA pretende lançar e promover o debate sobre as estratégias de animação e dinamização comercial dos centros urbanos dos três concelhos, conhecendo a realidade de cada um.E a conclusão sobre o “bilhete de identidade” dos consumidores da região trouxe algumas curiosidades. Por exemplo, que quase metade dos 516 inquiridos (41 por cento) possui horta e quintal e optam por consumir bens de produção doméstica, nomeadamente produtos hortícolas e criação.A esmagadora maioria dos entrevistados (66,5 por cento) consideram que as despesas alimentares representam muito peso no orçamento familiar, independentemente do seu nível de rendimentos.Rendimentos que 31,6 por cento dos agregados familiares se situam abaixo dos 500 euros líquidos mensais, enquanto 25 por cento dizem auferir rendimentos superiores a mil euros líquidos por mês.São poucos os inquiridos que não recorrem quase exclusivamente ao automóvel para efectuar as suas compras, mas o estacionamento é considerado como sendo muito pouco importante para 14,7 por cento.A qualidade e a variedade são factores preponderantes de selecção mas são os indivíduos na idade activa que optam mais vezes pelas grandes superfícies, secundados pelos mais jovens. Só os mais idosos continuam fiéis ao comércio tradicional. Todos, no entanto, reconhecem vantagens em ambos os formatos do comércio.

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