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Actor de Santarém brilha em “My Fair Lady” e “Amália”

Tiago Diogo nos musicais de Filipe Lá Féria

Em “My Fair Lady”, o musical encenado por Filipe La Féria, é um divertido personagem que dança, canta e faz sapateado. Em “Amália”, o espectáculo que continua em digressão pelo país, divide-se entre o papel de Vicente Rebordão, o irmão da diva do fado, e o do compositor Alain Oulman, uma das figuras centrais da peça. Tiago Diogo, 23 anos, nasceu em Santarém, mas deixou a cidade à procura de um lugar no mundo do teatro. A aventura valeu-lhe a entrada em duas das maiores produções nacionais.

Harry é um dos divertidos “vagabundos” de “My Fair Lady”, o musical adaptado por Filipe La Féria, em cena no Teatro Politeama. O personagem canta, dança e sapateia entre os amigos de Alfred Doolitle, o pai de Elisa Doolitle, a rapariga que vende flores nas ruas de Londres e que o Professor Higgins tenta ensinar a falar correctamente e a comportar-se como uma senhora.Quem dá vida à personagem do jovem vagabundo é Tiago Diogo, um jovem de 23 anos, natural de Santarém, que deixou a cidade há alguns anos para tentar a sua sorte no mundo do teatro.Em Santarém deixou a família e os amigos que visita sempre que tem disponibilidade. É também aos pais e irmãos que vai buscar a inspiração para dar colorido à personagem. O amor pela arte, pelo teatro, pelas cantigas e brincadeiras sempre esteve presente na família. “Às vezes vou buscar pequenas expressões ao meu pai e aos meus irmãos”, revela.Está atento ao que se produz em Santarém, que é mais do que se fazia na altura em que deixou a cidade. “Às vezes a cultura e o teatro são vistos como uma coisa secundária. Há mais preocupações com outros aspectos”. Considera que a vida cultural em Santarém deveria ser mais valorizada até pelos grandes nomes que nasceram na cidade, como Mário Viegas, “que só recentemente foi reconhecido na cidade”.O actor está convicto de que há público para o teatro e que a falta de ofertas culturais é um problema nacional. “Se nas grandes cidades já se faz pouco e já se investe pouco – deitam-se teatros abaixo em vez de construírem – então o que se passará nas pequenas cidades”, interroga.A oportunidade de participar na peça de La Féria surgiu quase por acaso. Depois de terminar o curso na Escola Profissional de Teatro, em Cascais, participou num casting para a peça “Amália”, do mesmo encenador. Sem saber, o jovem ribatejano tinha acabado de conseguir o passaporte para duas das mais importantes produções portuguesas. “A participação em Amália foi um crescendo. Comecei como figurante. Nem uma frase tinha... Depois é que fui evoluindo”, descreve. Do discreto papel de figurante passou ao “farmacêutico” até chegar à personagem Alain Oulman, o compositor francês que levou a Amália os melhores poetas. É um dos papéis centrais da peça, depois de Alexandra, a actriz que canta “Amália”. Tiago Diogo apercebeu-se de imediato das semelhanças entre actor e personagem. “Identifiquei-me com a revolta dele com este país. Com a forma como era governado. Dentro da peça era o papel que gostava de fazer. Mas nunca pensei que fosse possível. Só quando o Filipe La Féria me convidou”. No primeiro acto interpreta Vicente Rebordão, irmão de Amália.O actor integrou o elenco de Amália em 2000. O espectáculo teve sessões contínuas até Outubro de 2002. Depois surgiu o convite para o musical “My Fair lady”. “Cheguei a ensaiar My Fair Lady à tarde e a fazer o Amália à noite no São Luís”, recorda. O musical clássico estreou em Lisboa em Dezembro de 2002. Os ensaios para a estreia da versão portuguesa do musical clássico “My Fair Lady” - “Minha Linda Senhora” começaram no Cinema Europa porque o palco do Politeama sofreu uma enorme transformação para receber o musical. “Foi escavado um palco de oito metros de onde sai uma casa”.As duas experiências são aliciantes, mas Tiago Diogo identifica-se mais com Amália, um trabalho “mais interior, mais português”. Só depois de começar a encenar a peça percebeu a força da grande figura do fado. “Quando fui a Paris e vi seis mil pessoas a aplaudir e a gritar Amália fiquei comovido. A Amália mexe muito com as pessoas. Têm que estar sempre duas ou três ambulâncias nos espectáculos porque as pessoas emocionam-se e já houve casos de ataques cardíacos.” Apesar de Portugal não ter tradição de musicais, o actor garante que o público adere quando o trabalho é de qualidade. O teatro, a seguir ao futebol, era um dos sonhos do actor, que já foi jogador do União de Santarém e do antigo Atlético Clube Avenida. Confessa que nunca pensou chegar tão longe na carreira artística. Ainda considera a palavra “actor” muito pesada. “Para mim os actores eram aquelas figuras monstruosas. Eram deuses, para mim, que os via na televisão. É o caso da Alexandra. Costumava vê-la na televisão e agora contraceno com ela e beijo-a”, diz com humor. Ana Santiago

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