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Faz falta uma feira regional com maior projecção

Produtores do Ribatejo dizem que é preciso promover mais e melhor o vinho da região

Os produtores de vinho do Ribatejo elogiam a iniciativa das câmaras municipais de realizar feiras dedicadas ao sector mas acham que está na altura de unir esforços para atingir uma outra dimensão. Na véspera de mais uma edição da Feira do Vinho do Ribatejo, em Alpiarça. defendem uma feira regional, mais profissional e com mais atractivos.

A promoção dos vinhos do Ribatejo ainda deixa muito a desejar. Na maior parte dos casos a divulgação que é feita é por iniciativa dos produtores ou de feiras de âmbito local. Por isso alguns produtores da região defendem a realização de uma feira de vinhos à escala regional, com características mais profissionais e com atractivos para chamar público de todo o país. Para Luís Guimarais da sociedade Talhão, em Almeirim, “já se justifica a realização de uma feira com projecção nacional e até internacional”. “Seria de toda a utilidade reunir sinergias por parte das adegas e dos organismos ligados ao sector, para um certame deste tipo. Até porque temos boas condições no distrito”, reforçou, sugerindo o Centro Nacional de Exposições, em Santarém, como o local ideal para um certame destes. Da mesma opinião é António Ferreira do Solar dos Loendros em Tomar. Segundo este produtor é necessário “promover a união do sector para que haja uma divulgação conjunta dos vinhos do Ribatejo”. Até agora a promoção dos produtos tem sido feita à custa das adegas sem qualquer tipo de apoio. António Ferreira, que produz cerca de 200 mil litros por ano, tem feito publicidade nos jornais regionais e nacionais. E reconhece que é um grande esforço. “Já gastei uma barbaridade em promoção”, desabafou. A ideia de realizar uma grande mostra de vinhos com as várias adegas da região é consensual entre os produtores com quem falámos, como a Quinta da Alorna (Almeirim), Adega Cooperativa de Almeirim e Casal da Coelheira (Tramagal). Isto porque as duas feiras existentes no distrito, a do Cartaxo e a de Alpiarça têm um efeito reduzido em relação às expectativas. “A feira de Alpiarça talvez não esteja com a ambição que seria necessária, embora seja de louvar o esforço da câmara municipal em divulgar o vinho”, sustentou Nuno Rodrigues do Casal da Coelheira. Outro dos problemas com que se confrontam as adegas é a burocracia inerente aos processos de exportação. O esforço em procurar novos mercados esbarra normalmente em muita papelada e em custos acrescidos com análises ao vinho. “Exportar para países fora da União Europeia é ainda mais terrível. Existem uma série de exigências que nos cortam as pernas e que nos sobrecarregam”, salientou Nuno Cancela de Abreu da Quinta da Alorna. E acrescenta que o sector “roda à volta de quatro organismos que não se entendem”. É o caso do Instituto da Vinha e do Vinho, das Alfândegas, do Ministério da Agricultura e da Comissão Vitivinicola Regional. “Temos que andar a enviar as mesmas informações para cada um dos organismos porque eles não falam entre si”, explicou. A imagem que os estrangeiros têm do vinho nacional também não ajuda muito. Ainda existe a ideia que o vinho português é de fraca qualidade, o que no entender dos produtores está errado. Por isso defendem a promoção do sector nos outros países. Apesar das dificuldades que o país atravessa, os produtores têm feito um esforço para continuar a trabalhar na melhoria e inovação no sector. O presidente da Adega Cooperativa de Almeirim destacou a constante e progressiva “reestruturação das vinhas que tem vindo a dar frutos na melhoria da qualidade do vinho”, disse Florival Alves. Nuno Cancela de Abreu não tem dúvidas: “dentro de pouco tempo estamos ao nível dos melhores”. “As castas regionais que existiam, como o castelão e a trincadeira, não têm valor suficiente para fazer um vinho topo de gama. Por isso têm vindo a ser introduzidas outras castas melhoradoras, como o cabernet e a touriga”, comentou o responsável da Quinta da Alorna que produz 2 milhões de garrafas, das quais 45 por cento são para exportação. A melhoria das adegas também não tem parado. No caso da sociedade Talhão a aposta tem sido, a exemplo de outras adegas, na aquisição de material mais avançado como máquinas de vinificação e depósitos de armazenamento. Já para não falar na investigação em laboratório. Neste sentido e apesar do sector estar a ressentir-se com a perda de poder de compra dos portugueses, os produtores encaram o futuro com alguma expectativa.

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