uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Folgazão Manuel Serra D’Aire

Folgazão Manuel Serra D’Aire

As festas estão a dar cabo de mim. Não sei se já reparaste, mas em Junho este distrito é uma festa pegada de Abrantes a Benavente - já não falo de Lisboa, a cidade das pontes, porque já não há palavras para tanta borga e calanzice... Ele é as festas da cidade, as festas do concelho, as feiras da agricultura, os santos populares e o diabo a sete. Entretanto chega Julho e é o vazio até pró ano, com umas coisitas pelo meio. Não há fome que não dê em fartura, não há fígado que aguente um mês de farra, nem há público que consiga chegar a tanta festa... A falta de imaginação tem destas coisas. E a verdade é que os autarcas e organizadores de festanças só parecem conhecer os santos populares, quando deviam ter uma postura mais democrática e dar atenção a todos. A solução para isto é deixar de bajular só meia dúzia de privilegiados e passarmos a distribuir o mal pelas aldeias, ou seja, a distribuir as festas pelo ano todo para que a agenda esteja sempre composta.Afinal, o sol quando nasce é para todos e para mim é uma afronta e uma discriminação que santos como Macário, Antão, Facundo, Cristóvão ou Nicolau, entre muitos outros, não sejam tidos nem achados pelas câmaras e associações que organizam essas coisas. Será que o Tribunal dos Direitos Humanos já se apercebeu? E o próprio Bloco de Esquerda saberá disso? Mais. Para além de dar projecção mediática a santos até agora quase desconhecidos, temos que aproveitar também os chamados santos da casa, que por cá até nem faltam, e reivindicar, por exemplo, que a Câmara de Torres Novas promova anualmente festejos em honra da Santa da Ladeira, consagrando-lhe o feriado municipal. Os pastorinhos de Fátima também poderiam ser motivo para outras realizações mais ousadas para além das triviais peregrinações, como mostras gastronómicas de carne de ovelha e cabra – imagina o sucesso se as promovessem como descendentes das que foram pastoreadas pelos videntes -, ou mesmo feiras do cajado, do badalo ou do cão pastor, por exemplo.Por falar em Fátima, o santuário voltou o ano passado a dar alguns milhões de lucro. Ali não chega a crise, meu caro. É o milagre da fé. O Governo que abra os olhos. Ali vendem-se promessas e os cofres abarrotam de euros. Os políticos que gerem o Estado também vendem promessas, mas o raio dos cofres públicos cada vez estão mais mirrados. São curiosos paradoxos, mas disso não falo mais nem me quero meter com os políticos. Respeitinho é muito lindo e depois dos avisos deixados pelo Presidente da República nos Açores, para que o pessoal respeite essa tropa, ando a tentar portar-me bem. Jorge Sampaio deve ter regressado de Marte nesse dia após prolongada ausência. Ou então está mesmo convencido que a maior parte dos nossos políticos merece respeito. Realmente, o nosso presidente parece estar a pedir-nos demais. Que a gente não fuja ao fisco, tudo bem! Que a malta não cuspa na rua, ainda vá que não vá! Que o pessoal cumpra o código da estrada, não é descabido! Que deixemos de arrear na mulher, enfim... Agora pedir-nos respeito pelos políticos!? Não seria mais fácil pedir aos políticos para nos respeitarem a nós?Com esta questão me vou. Cumprimentos calorosos do Serafim das Neves
Folgazão Manuel Serra D’Aire

Mais Notícias

    A carregar...