Foi na “rota” dos petiscos, no posto de vinhos do pai, nas tasquinhas, empoleirado nas varolas da manga da feira, nas tertúlias fadistas e a ouvir poetas que Nuno Domingos se inspirou para escrever o livro comemorativo do quinquagésimo aniversário da Feira do Ribatejo.A génese de tudo terá começado quando tinha apenas um ano de idade e o pai o colocou em cima de um tra-ctor, revelou o autor, emocionado. A partir dali Nuno Domingos acompanhou o crescimento do certame numa faceta pessoal, até conhecer a realidade profissional de feira como director de marketing, imagem e relações públicas do CNEMA, até há pouco tempo. As leituras na Biblioteca Municipal de Santarém, o apoio do pintor Serrão de Faria, o aconselhamento de Moncada Cordeiro e Nelson Ferrão, bem como as cedências de fotogra-fias e informações de outras instituições e personalidades, ajudaram a compilar um livro que é um misto de estudo de sociedade e história da época.O volume divide-se em duas fases. A primeira reporta-se à história sociológica de um tempo. Da época do crescimento do certame durante o salazarismo, em que o regime se servia da popular manifestação agrícola para levar adiante os seus fins. A outra, referente ao passado e presente das vozes da feira, marcada por personalidades como Celestino Graça, ou no calcorrear de todos os cantos do certame. Todos os textos estão escritos em português e inglês.A ligação desconhecida a priori com o fotógrafo Francisco Dias, acabou depois por se tornar conivência na adequação das imagens aos textos. Para aquele profissional da editora Elos, alfacinha de naturalidade, participar num projecto com as características do livro “50 Anos de Feiras em Santarém” não é novidade. A sua editora já tem diversos livros publicados versando trabalhos na temática das festas e romarias e no recuperar para o papel das tradições portuguesas.Segundo o próprio bastaram alguns dias na região de Santarém para efectuar o seu trabalho. “Não apenas para registar a figura típica do campino, mas também o folclore, o artesanato, os agricultores, visto pelo olhar cândido do repórter”, afirmou.O presidente do conselho de administração do CNEMA, João Machado esclareceu que a ideia da autoria do livro pertenceu originalmente à anterior administração, liderada, pelo entretanto falecido José Manuel Casqueiro, e que a actual administração limitou-se a seis meses depois da sua tomada de posse “dar continuidade a um projecto válido”.