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O perigo da manipulação genética

O perigo da manipulação genética

Alerta deixado em debate sobre futuro da agricultura

As sementes de culturas geneticamente modificadas, preparadas para resistirem a doenças, são vendidas a preços exorbitantes constituindo uma das grandes ameaças da agricultura, que já por si se debate com as dificuldades inerentes ao mercado liberal.

Este foi um dos alertas deixados pelo presidente da Confederação Nacio-nal de Agricultura (CNA) e Coordenadora Agrícola Europeia, João Vieira, num debate sobre “Agricultura e o ambiente; agricultura biológica e organismos geneticamente modificados”, que decorreu na sexta-feira à noite no edifício da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja.“O milho para ser reproduzido não precisa de patente. As sementes do milho são património da humanidade e não podem ser privatizadas só porque uma multinacional decidiu injectar um gene na planta para suportar um herbicida”, afirmou o “sindicalista agrícola” João Vieira. O preço da semente do milho, que ronda os 25 cêntimos, poderá atingir os 7 euros e meio por ser patenteado.João Vieira garante que em outros países já há muitos agricultores condenados a pagar multas pesadíssimas porque as sementes de culturas vizinhas, geneticamente modificadas, se disseminaram nos seus campos. “Muitos agricultores já estão a ser criminalizados. É preciso deixar o alerta enquanto há tempo”, avisou.O sindicalista, que é também agricultor, lembra que as multinacionais que fazem este tipo de investigação investem milhões e precisam de vender as sementes para obterem lucros.O representante da CNA lembra que a cada três minutos que passa desaparece uma exploração agrícola na Europa fruto do mercado liberal. No último ano, desapareceram 200 mil agricultores que, na sua opinião, prestam um serviço extremamente importante à sociedade. “Se não for posto um travão os agricultores desaparecerão quase todos. As sociedades têm que escolher se querem agricultores, ou se preferem os produtos agrícolas transportados a longa distância”, alerta.A técnica da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste, Maria São Luís Centeno, lembra que a manipulação genética dos organismos não é nova e a troca de genes das plantas já é utilizada há vários anos. É o caso do melão mais resistente à doença e do arroz modificado com elevados níveis de proteína A. “Não podemos ser extremistas. Há que ver bem cada caso e atentar o risco. O importante é instalar sistemas de alarme”, afirmou.
O perigo da manipulação genética

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